–– Obrigado Senhor, por ajuda-la! – diz a mãe da garota.
–– De nada Senhora! De nada!
–– Vamos querida!
–– Quem era aquele rapaz, irmã?
–– Não sei, não sei, mas ele foi muito gentil e educado comigo! Ai! Meu pé está latejando.
–– Quando a gente chegar lá faço uma compressa. Dá para aguentar?
–– Acho que sim.
–– Achei ele foi muito metido a besta!
–– Ah, não! Estás com ciúmes irmão?
–– Rum, eu não!
–– Deixem essa discussão para lá! Então pé na tábua motorista. Não quero chegar lá de noite.
–– Pois é inevitável! A cidade grande é longe. Se tudo correr bem vamos chegar de madrugada.
–– Pois acelera essa joça aí.
–– Sim Senhora! É bom fechar os vidros. A poeira é grande!
–– Ah, mas está calor demais!
–– Bem, vocês que sabem! A poeira da viagem vai deixar a patroa e a patroinha de cabelos duros.
–– Chico Bala acelera e pronto! A gente não liga para isso agora não. Quando chegarmos à capital a gente banha! – diz a garota.
–– Quem era aquela moça Júnior? - Pergunta Fátima, irmã de Junior.
–– Sei não Fátima.
–– Oxe! Como não sabe? Até parece que vocês já se conheciam?
–– Sei não. Ela disse que o nome dela é Júlia.
–– Pelas roupas de luxo, pelo carro e pelas posses da mulher, só quem tem essas riquezas por essas bandas é o Coronel Messias.
–– Eu não sei. Ela não disse de quem é filha. Só ajudei porque ela caiu.
–– Sei. Mas ela até que é bonita!
–– É muito bonita e delicada! Olhou bem dentro dos meus olhos!
–– Vixe Maria! Meu irmão se apaixonou! Tenha cuidado! Se for a filha do Coronel ele arranca teu couro! Vai mexer com a filha alheia viu?
–– Ela disse que foi para a cidade grande e só volta depois da eleição.
–– O que que tu achou dela?
–– Fátima, vamos parar com essa conversa. Vamos logo falar com o Padre e fazer logo esse convite para a festa de aniversário do pai.
–– Está bom! Está bom! Mas tu ficaste caidinho por ela! Te conheço irmão!
–– É fiquei! Não vou mentir! Ela é muito bonita mesmo.
–– Eu sabia! As rosas também são delicadas, porém, tem espinhos! Mas, quem sou eu para falar, abarca quando ela voltar, isto é, se ela quiser! Há! Há! Há!
–– Rum!
Enquanto isso, na bodega do Arilson, acontece a abertura do evento planejado há um mês. Fatos inusitados podem ocorrer. Zé Pezão e os dois jagunços estão no meio do povo sondando qual o melhor momento para pegar o comerciante.
–– Gaguinho, tu atende aí o povo nas mesas. Chico Preto tu toma de conta da bodega e não vai passar troco errado não. Mariazinha capricha nas comidas. Vou lá para o palco dá duas palavras e chamar o prefeito para fazer o discurso dele.
–– Vai! Arrocha Arilson! – diz Chico Preto!
–– Tá, tá, tá bom, bom patrão! Arre-arre-benta, arrebenta! – frisa Gaguinho.
–– Senhoras e Senhores! Quero antes de tudo agradecer a presença de todos! Chegou o grande dia! Dia de alegrias, de festa, de comemoração junina com comidas típicas e bebidas tradicionais como a garapa de cana e a cachacinha ali na nossa bodega. E tem mais coisa boa aí, as nossas barracas de bolo frito com sucos, cafezinho, milho verde, pamonha e muito mais. Daqui a pouco anuncio as lutas. E para animar o negócio, comunico que o “pau de sebo” já está liberado, com um prêmio gordo numa trouxa amarrada no topo do mastro, e quem conseguir realizar o feito de tirar o prêmio, seja homem, mulher ou criança, eu ainda darei um valor em dinheiro. “A morte do pato” no terreiro também está esperando por vocês e tem outras brincadeiras, além da pega do boi e corridas de cavalos. De noite haverá quadrilhas e arrasta pé com os “Três Nordestinos”, o melhor do forró no Piauí. Agora, nesse momento quero anunciar a presença da pessoa mais importante desse evento, que muito fez e faz pelo nosso município de Olho D’Água e por esse povoado. Sem o apoio dele, nada disso hoje seria realizado. Quero pedir a todos uma salva de palmas para o nosso prefeito, seu secretariado, vereadores e demais autoridades aqui presente.
–– É um babão da porra! – diz um dos jagunços que acompanha Zé pezão.
–– Puxa saco de meia tigela – afirma o outro nos ouvidos de Zé Pezão.
–– É. Pode ser, mas o povo gosta mesmo do prefeito e do Arilson. Tá vendo a quantidade de gente batendo palmas? – pergunta Zé Pezão.
O prefeito com um sorriso largo em meio à multidão, caminha pegando na mão de um e de outro, dando tapinhas nas costas dos eleitores, abraçando até quem não conhece e beija na testa as criancinhas até chegar ao palco de madeira, coberto com lona para abrandar o sol escaldante do sertão.
(...)
–– De nada Senhora! De nada!
–– Vamos querida!
–– Quem era aquele rapaz, irmã?
–– Não sei, não sei, mas ele foi muito gentil e educado comigo! Ai! Meu pé está latejando.
–– Quando a gente chegar lá faço uma compressa. Dá para aguentar?
–– Acho que sim.
–– Achei ele foi muito metido a besta!
–– Ah, não! Estás com ciúmes irmão?
–– Rum, eu não!
–– Deixem essa discussão para lá! Então pé na tábua motorista. Não quero chegar lá de noite.
–– Pois é inevitável! A cidade grande é longe. Se tudo correr bem vamos chegar de madrugada.
–– Pois acelera essa joça aí.
–– Sim Senhora! É bom fechar os vidros. A poeira é grande!
–– Ah, mas está calor demais!
–– Bem, vocês que sabem! A poeira da viagem vai deixar a patroa e a patroinha de cabelos duros.
–– Chico Bala acelera e pronto! A gente não liga para isso agora não. Quando chegarmos à capital a gente banha! – diz a garota.
–– Quem era aquela moça Júnior? - Pergunta Fátima, irmã de Junior.
–– Sei não Fátima.
–– Oxe! Como não sabe? Até parece que vocês já se conheciam?
–– Sei não. Ela disse que o nome dela é Júlia.
–– Pelas roupas de luxo, pelo carro e pelas posses da mulher, só quem tem essas riquezas por essas bandas é o Coronel Messias.
–– Eu não sei. Ela não disse de quem é filha. Só ajudei porque ela caiu.
–– Sei. Mas ela até que é bonita!
–– É muito bonita e delicada! Olhou bem dentro dos meus olhos!
–– Vixe Maria! Meu irmão se apaixonou! Tenha cuidado! Se for a filha do Coronel ele arranca teu couro! Vai mexer com a filha alheia viu?
–– Ela disse que foi para a cidade grande e só volta depois da eleição.
–– O que que tu achou dela?
–– Fátima, vamos parar com essa conversa. Vamos logo falar com o Padre e fazer logo esse convite para a festa de aniversário do pai.
–– Está bom! Está bom! Mas tu ficaste caidinho por ela! Te conheço irmão!
–– É fiquei! Não vou mentir! Ela é muito bonita mesmo.
–– Eu sabia! As rosas também são delicadas, porém, tem espinhos! Mas, quem sou eu para falar, abarca quando ela voltar, isto é, se ela quiser! Há! Há! Há!
–– Rum!
Enquanto isso, na bodega do Arilson, acontece a abertura do evento planejado há um mês. Fatos inusitados podem ocorrer. Zé Pezão e os dois jagunços estão no meio do povo sondando qual o melhor momento para pegar o comerciante.
–– Gaguinho, tu atende aí o povo nas mesas. Chico Preto tu toma de conta da bodega e não vai passar troco errado não. Mariazinha capricha nas comidas. Vou lá para o palco dá duas palavras e chamar o prefeito para fazer o discurso dele.
–– Vai! Arrocha Arilson! – diz Chico Preto!
–– Tá, tá, tá bom, bom patrão! Arre-arre-benta, arrebenta! – frisa Gaguinho.
–– Senhoras e Senhores! Quero antes de tudo agradecer a presença de todos! Chegou o grande dia! Dia de alegrias, de festa, de comemoração junina com comidas típicas e bebidas tradicionais como a garapa de cana e a cachacinha ali na nossa bodega. E tem mais coisa boa aí, as nossas barracas de bolo frito com sucos, cafezinho, milho verde, pamonha e muito mais. Daqui a pouco anuncio as lutas. E para animar o negócio, comunico que o “pau de sebo” já está liberado, com um prêmio gordo numa trouxa amarrada no topo do mastro, e quem conseguir realizar o feito de tirar o prêmio, seja homem, mulher ou criança, eu ainda darei um valor em dinheiro. “A morte do pato” no terreiro também está esperando por vocês e tem outras brincadeiras, além da pega do boi e corridas de cavalos. De noite haverá quadrilhas e arrasta pé com os “Três Nordestinos”, o melhor do forró no Piauí. Agora, nesse momento quero anunciar a presença da pessoa mais importante desse evento, que muito fez e faz pelo nosso município de Olho D’Água e por esse povoado. Sem o apoio dele, nada disso hoje seria realizado. Quero pedir a todos uma salva de palmas para o nosso prefeito, seu secretariado, vereadores e demais autoridades aqui presente.
–– É um babão da porra! – diz um dos jagunços que acompanha Zé pezão.
–– Puxa saco de meia tigela – afirma o outro nos ouvidos de Zé Pezão.
–– É. Pode ser, mas o povo gosta mesmo do prefeito e do Arilson. Tá vendo a quantidade de gente batendo palmas? – pergunta Zé Pezão.
O prefeito com um sorriso largo em meio à multidão, caminha pegando na mão de um e de outro, dando tapinhas nas costas dos eleitores, abraçando até quem não conhece e beija na testa as criancinhas até chegar ao palco de madeira, coberto com lona para abrandar o sol escaldante do sertão.
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