terça-feira, 19 de maio de 2020
Cangaceiros 41
–– Tive um desentendimento com o filho do Coronel Messias, o maior e mais cruel fazendeiro da região. Ele, o filho, me desrespeitou numa bodega, na frente de muita gente. Cortei a orelha dele para dar o exemplo e os mandei embora humilhados, tomei até as armas deles. O pai dele não gostou e ofereceu uma recompensa por minha cabeça. O fato é que esse homem sequestrou o vereador aqui presente e a ordem era para mata-lo. Agora nos tornamos compadres, ele é o padrinho do meu filho. O Coronel tem muitos jagunços à disposição para fazer o que ele mandar, inclusive matar gente. Ele está impedindo de forma ameaçadora que a eleição na cidade corra normalmente. Então queremos fortalecer nossa aliança com vocês para enfrenta-lo.
–– É uma guerra que ele quer?
–– Não é que ele queira. É que ele já provocou! – interfere o Padre novamente - ele está matando pessoas e escravizando outras. Na fazenda tem muita gente fazendo serviço forçado.
–– Esse homem tem um exército Grande Chefe Cinzento, e nós não conseguiremos vencê-lo sem o seu apoio.
–– E como posso ajudar?
–– Lutando ao nosso lado por essa causa que é a libertação dos escravos, da recuperação da paz e exterminando essa corja para sempre de Olho D’Água. É. Porque se eles vencerem, os próximos a serem escravizados serão os índios da sua aldeia.
–– Ah, isso não iremos permitir meu amigo. Lutaremos até a última gota de sangue.
–– Fico muito grato pelas suas palavras de honra e sensatez. Ah, quero que grave o rosto desse homem. Vem aqui Cancão!
–– Sim Capitão!
–– Cancão estará lá na fazenda, infiltrado e dará o sinal com a corneta quando chegar o dia da batalha!
–– Entendi Gerônimo! E quando será isso?
–– Em breve! Eu o manterei informado e quando chegar o dia, mandarei um de meus homens para te dizer. Quero te pedir que me envie dez guerreiros com arcos, flechas e lanças dois dias antes para atacarmos juntos pela frente da fazenda.
–– Está combinado! Teremos tempo para fazer muitas flechas e arcos de qualidade, com maior alcance.
–– Posso não ser teu melhor mentor Gerônimo, mas acredito que tu podes mexer com o psicológico do Coronel.
–– Não entendi Padre!
–– Veja bem, o Coronel oferece vinte cabeças de gado e dinheiro pela tua cabeça, então, agora que tu tens ouro, e creio que seja muito valiosa essa pedra, oferece uma boa quantia em dinheiro pela cabeça dele. Assim ele ficará assustado por um tempo e desconfiará de todos. Até mesmo dos deles. Provavelmente nem dormirá direito. Tire o sono dele. Deixe-o cansado.
–– E como podemos fazer isso?
–– Eu irei à capital, passo no banco e troco o ouro por dinheiro. Isso são recursos de guerra. Temos que comprar armas e munição também. A Lúcia poderá ir comigo disfarçada de freira para não levantar suspeitas. Diremos que foi uma doação anônima para a Paróquia.
–– É uma boa ideia Padre, cortar a cabeça da cobra.
–– Exatamente! Mas os planos continuam. Nós iremos administrar esse fluxo de caixa. Não se ganha uma guerra sem recursos. Seus homens precisam ser bem alimentados até lá.
–– Agora entendo que para ter paz é necessário que haja guerra.
–– A paz custa caro meu filho. Felizmente tu tens um aliado forte: o Cinzento e seus guerreiros e ainda por cima trouxeram esse ouro que nos ajudará e muito. São os milagres de Deus e a providência da fé.
–– E como vamos espalhar essa história da recompensa?
–– Eu sei como. No momento temos que espalhar a notícia no evento do Arilson. É lá que está meio mundo de gente. Mande um de seus homens conversar com ele e diga-lhe que tem meu aval. Ele saberá como proceder. Alguns acharão que é boato, porém, quanto mais for massificado, mais acreditarão.
–– Muito bem! Vamos por em prática essa ação.
(...)
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