domingo, 17 de maio de 2020
Cangaceiros 40
No dia seguinte, de manhã cedo, são feitos os preparativos de forma simples para o batizado. A tenda de lona é armada na frente da casa de taipa. Uma gamela com água ao centro e a mesinha de madeira é posta para colocar os objetos do Padre.
A madrinha conduz a criança até a “gamela” batismal e o padre derrama, com uma jarra, a água sagrada em sua cabeça, dizendo as preces do batismo: ‘Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’. Tal gesto representa vida nova e confirma que a criança está batizada. O padre passa um pouco de óleo dos catecúmenos no peito da criança, pedindo que a força de Cristo penetre na vida dela.
Durante a cerimônia, a madrinha segura a criança e o padrinho fica ao seu lado. Depois da benção, o padrinho oferece simbolicamente uma vela acesa à criança, dizendo: Recebe a luz de Cristo. “Essa vela é o Círio Pascal, que simboliza Cristo, a luz do mundo”. E finalmente, é assinado o certificado, assim como a certidão de Batismo.
–– Pronto! Terminamos aqui! Gerônimo, o filho está batizado! – conclui o Padre Lauro.
–– Obrigado Padre! – diz Gerônimo, o pai.
–– Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida! – afirma Lúcia a companheira do Capitão.
–– E eu também comadre! – diz Luzia, a comadre.
Após o batismo, o Padre Lauro, Gerônimo, Lúcia, o vereador e outros cangaceiros reúnem-se ao redor da mesa para uma conversa estratégica, mas são interrompidos com a chegada do Grande Chefe Cinzento e seus guerreiros, Calango e os quatro cangaceiros.
–– Olha quem está vindo para cá! O Cinzento atendeu nosso chamado! – diz Gerônimo.
–– E vieram foi cedo! – confirma Lúcia – comadre Luzia, cuide do bebê que quero fazer parte dessa conversa!
–– Sim! Está bem!
Os guerreiros desmontam dos animais e os entregam aos cangaceiros e dirigem-se à casa de Gerônimo que os recebe de braços abertos e os cumprimenta.
–– Grande Chefe Cinzento! Como tem passado?
–– Estamos bem! E tu como estás?
–– Estamos nesse sofrimento da caatinga! Muito calor nesse mundão de meu deus! Seja bem vindo meu amigo!
–– Por lá também não é diferente! A caça também está mais difícil! O rio também não nos oferece peixes.
–– É. Se não chover, vamos comer o pão que o diabo amassou! Mas, tenho um presente para tu! Vem aqui!
–– Estás vendo aquele gado ali?
––Sim! Estou!
–– São quinze cabeças de gado! São suas! Para alimentar seus guerreiros!
–– Mais uma vez Deus sorri para nós!
–– Mandarei cinco homens meus juntos com os teus para levar o rebanho até a aldeia!
–– Fico agradecido! Eu também trouxe um presente valioso para ti! Trás o saco! - Ordena o chefe.
O índio entrega o saco de pano ao chefe da tribo que o entrega a Gerônimo.
–– Toma! Tu saberás o que fazer com essa pepita de ouro!
–– Assim tu estarás pagando mais do que te dei!
–– Não é pagamento é presente! Graças a ti, meu filho será o chefe da tribo com a missão de não deixar que a nossa raça seja exterminada. Essa é uma dívida que não tem nada que pague. E de onde veio essa tem mais se precisar.
–– Essa pepita é muito grande e pesada! Deve valer muito!
–– Gerônimo há coisas que o dinheiro não paga! Tu salvaste a vida do meu filho e isso muda completamente o futuro da minha tribo. É uma honra tê-lo nessa aliança de amizade e paz.
–– Sim! Sim! Mas te chamei aqui por outro motivo!
–– Estamos em pé de guerra há muito tempo. Venham sentar-se aqui! – convida o Padre.
–– Sim! Vamos! – convida Gerônimo também.
–– Conta-me como podemos ajudar!
–– Grande Chefe Cinzento, estamos passando por tempos difíceis!
–– Existe uma questão política na cidade!
–– Deixa que eu explico essa história para ele, Padre Lauro!
–– É claro! Fique à vontade!
(...)
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