segunda-feira, 11 de maio de 2020

Cangaceiros 25


De manhã cedo, Gerônimo já está de pé, juntos aos seus homens, conversando e dando instruções.

–– Estranho! O Manoel Espicha Couro ainda não ter aparecido – diz Gerônimo preocupado. 
–– Deve ter acontecido algum imprevisto – responde Calango.
–– Ah, espera aí, os homens estão chegando – observa Cancão.
–– O que aconteceu? Cadê o Manoel?
–– Capitão, ele foi entregar uns cavalos para uma corrida, deve vir para cá amanhã cedinho. A mulher dele foi avisada.
–– Ah, bom! Então vejam como está o nosso prisioneiro. Dá água e comida para ele. E mantenha-o bem para quando o Manoel chegar resolver essa pendenga. Quero ir à cidade mais tarde, trazer o Padre Lauro para o batismo de meu filho. Quatro de vocês irão comigo.
–– Certo Capitão!
–– E cuidem do vereador também. No bom sentido, no bom sentido visse?
–– Sim capitão.
–– Gerônimo mande os homens buscar o Padre. Fique mais um pouco com nosso filho – sugere a companheira. 
–– Eu preciso conversar com ele.
–– Converse aqui homem, quando ele vier.
–– Já decidi que vou. Depois iremos passar muito tempo com ele. Não se aperrei não viu?
–– Já que decidiu assim, vá.
–– Vou pernoitar por lá e amanhã estaremos de volta.
–– Tome cuidado visse? As armadilhas do destino são muitas!
–– Vixe! Nossa Senhora! Se apoquente não mulher. A gente escapando das cobras e de outros animais que rastejam, o resto a gente dá um jeito.
–– Vai com Deus!
–– Amém! Vamos embora!

Gerônimo e seus quatro homens com chapéus de couro típicos daquela época, armados com espingardas e facas partem a cavalo rumo à cidade. Cavalgam algumas léguas e param no meio do caminho.

–– O que foi Capitão? Porque paramos?
–– Acolá veem três cavaleiros. Não é comum por essas bandas, nesse caminho. Entrem dois no mato e fiquem de tocaia. Esperaremos eles passarem.
–– Certo Capitão.
––  Ôaaaa! Olá! – cumprimenta um dos homens freando o cavalo entre os três cangaceiros.
–– Olá! Para onde vão nessa pressa toda?
–– Não estamos com pressa. Quem caça não tem pressa, tem paciência.
–– Cancão, esse cabra é desaforado!
–– É sim Capitão.
–– E tu és capitão é?
–– O que vocês querem por essas bandas? Aqui não tem caça para vocês.
–– Ah, tem sim Senhor. Algum de vocês conhece um homem chamado Gerônimo?

Os dois cangaceiros e Gerônimo engatilham as espingardas e apontam para os homens. E Cancão responde:
–– Sou eu.

O outro cangaceiro também diz que é ele.

–– Na verdade Gerônimo sou eu. Por quê?
–– Afinal qual dos três é Gerônimo? Assim a gente poupa as outras vidas.
–– Sou eu e vou cortar tua orelha! – repete Gerônimo.
–– Tua cabeça vale 20 cabeças de gado, morto. E se te levarmos vivo, vale as vinte cabeças e uma boa quantia em dinheiro. Larguem as armas, só queremos aquele que tem o colar de orelhas no pescoço.
–– Vocês já olharam atrás de vocês? Tem carabinas apontadas para suas cabeças. Atirem! – ordena Gerônimo. 
(...)

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