sábado, 30 de maio de 2020

Cangaceiros 48


–– É. Pai! Parece que ele está limpo!
–– Essa miséria só quer um emprego. É um morto de fome.

Pouco tempo depois Cancão entra na casa e se dirige ao escritório do Coronel, mas assim do nada, um negro sai detrás da cortina das janelas que se arrastam até o chão e adentra a sala quase igual com ele com uma espingarda em punho.

–– Vai morrer Coronel – diz o escravo que já tem o homem na mira, mas Cancão rápido como um gato assustado, saca o revólver da cintura e atira no meio dos olhos do escravo, salvando assim a vida do Coronel. Dois jagunços correm para a sala e...
–– O que foi isso Coronel?
–– O que foi isso? Como é que uma desgraça dessas, um imbecil desses entrou aqui, pegou uma arma e nenhum de vocês viu? Para que é que eu pago tanta segurança? Puta que pariu! Se não fosse o novato eu estaria morto! Chamem o chefe de vocês aqui! Avexado!
–– Sim chefe! – Diz o jagunço.
–– Estou aqui patrão!
–– Senta aí!
–– Sim Senhor!
–– Cancão! É o seguinte: tu acabas de ser promovido! Eu ia te mandar fazer o serviço com o prefeito, mas, diante dessa ação, tu serás o chefe dessa equipe agora. São doze homens na minha segurança e tu os comandarás daqui em diante.
–– Pai!
–– Cala a boca Miguel! O que eu te falei?
–– Pai!...
–– Não fala nada porra! Já disse!

O Coronel saca o revólver da cintura e dá dois tiros na cara do chefe que sentado, escangota o pescoço para o lado.

–– Agora tu decides como farás o serviço com o prefeito. Pensa rápido e me diz pela manhã. Agora saiam todos e limpem essa bosta.
–– Pai o plano continua o mesmo.
–– Não Miguel! É por isso que se chama plano, de planejamento. Vamos ver como ele reage como líder. Amanhã a gente vê isso. Não importa os meios para chegar a um fim.
–– Está bem! O Senhor quer uma bebida?
–– Sim! Quero!
–– Licor?
–– Não! Quero um copo de cachaça! E depois, deixa-me a sós.
–– Sim Senhor!

Zé pezão e os comparsas chegam à fazenda e quase igual com eles Inácio também com mais seis homens...

–– Cancão, tu por aqui? – diz Zé Pezão desmontando do cavalo.
–– Pois é! E tu trabalhas aqui, é?
–– Trabalho sim! Tenho uma notícia para dar ao Coronel!
–– Tens que falar comigo primeiro!
–– Por que?
–– Porque sou eleito o novo chefe da segurança!
–– Mas o que tenho para falar tem que ser só para ele.
–– Nessa porta só passa quem eu autorizar. Diz-me o que é e quem sabe libero tua fala.
–– Rapaz, Cancão, é pessoal.
–– Ou tu fala ou volta! Quem manda da porta para fora sou eu.

Zé Pezão olha para um e para outro e os doze homens seguem as ordens de Cancão com armas em punho.

–– Rapaz, tu diz para ele que tem uma recompensa de dez mil contos pela cabeça dele.
–– E é? Quem que está oferendo tanto dinheiro assim?
–– É um tal de Gerônimo! O bicho é rico e destemido. Cangaceiro das brenhas.
–– Sei! E qual a missão que o Coronel te deu?
–– Era para trazer o Arilson, aquele dono da bodega aqui.
–– E cadê ele? Tu trouxeste?
–– Não Cancão! O Homem é mais vigiado do que o cão. O Manoel Espicha Couro está com ele e mais uma meia dúzia de homens.
–– Ah, então tu falhaste na missão?
–– Não é bem assim. Eles obrigaram a gente a trazer essa informação.
–– E tu achas que o Coronel vai ficar alegre com isso?
–– Mas ele precisa saber, para tomar as providências.
–– E essas duas lesmas que andam contigo, para que servem?
–– Cancão, a coisa é mais séria do que tu imaginas.
–– Tu e esses cabras são muito é frouxos. Isso sim.
–– Cancão eu te conheço e sei que tu faz parte do bando...

Antes que Zé Pezão termine a frase, Cancão saca o revólver e atira na cabeça dele. Dois tiros quase no mesmo lugar, a queima roupa.

–– Tirem esse traste daqui. Vocês seus porras. Vocês que vieram com ele. Deixem isso limpo que vou dizer a mensagem que ele trouxe. Daqui em diante vocês seguem minhas ordens. Estamos entendidos?
–– Sim Cancão! – diz um dos comparsas de Zé Pezão.
–– E ai se algo der errado quando eu mandar, vocês já sabem. Eu não perdoo.
(...)

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