CRIATURAS por Carlos Holanda
Um tiro de rifle ecoa na floresta densa. Os pássaros assustados com o barulho voam para longe. Botas de couro indicam que, pelo tamanho das pegadas do indivíduo é um homem grande, que caminha para apanhar sua presa – um veado -, a aproximadamente cinquenta metros de onde ele estava. Há lugares desconhecidos em que não se deve caçar, mesmo assim, o ser humano tem o péssimo hábito de não respeitar limites, de invadir até mesmo a privacidade da natureza. Pouco tempo depois de colocar o animal sobre os ombros, rasga o silêncio e solta um grito doloroso de horror e em seguida ouve-se o baque do corpo que tomba sem vida.
O celular toca três vezes no bolso do caçador e desliga. Não há ninguém para atender...
O celular toca três vezes no bolso do caçador e desliga. Não há ninguém para atender...
A noite chega e com ela a nevoa encobre a paisagem florestal. A escuridão é total. Em algum ponto distante se percebe os olhos amarelos da coruja cinza, que agasalha seus filhotes sobre as asas no oco do tronco da árvore. Os sapos saltitam de um lado para outro, por instinto eles sabem que logo irá chover. Animais silvestres de pequeno porte também correm à procura de locas, esconderijos que os protejam. Até as cobras e outros répteis tem medo de enxurradas. E sem mais nem menos, o céu desaba com raios, trovões e chuva torrencial. Além dos trovões, uivos horripilantes que provavelmente não seja natural desse habitat.
A noite e a natureza guardam seus mistérios.
Ao amanhecer, o sol timidamente surge por trás das nuvens e clareia deixando visível os estragos da tempestade. Galhos quebrados e árvores partidas ao meio pela fúria dos raios. As águas escorreram para o riacho, mas a terra molhada impossibilita os animais rastejantes de andarem. Borboletas coloridas saem dos casulos para apreciar a liberdade. Os pássaros voam e pousam em galhos mais altos, e cantam na copa das árvores. As flores agora transformam a paisagem em paraíso.
Vinte e quatro horas se passaram depois daquele tiro de rifle.
A noite e a natureza guardam seus mistérios.
Ao amanhecer, o sol timidamente surge por trás das nuvens e clareia deixando visível os estragos da tempestade. Galhos quebrados e árvores partidas ao meio pela fúria dos raios. As águas escorreram para o riacho, mas a terra molhada impossibilita os animais rastejantes de andarem. Borboletas coloridas saem dos casulos para apreciar a liberdade. Os pássaros voam e pousam em galhos mais altos, e cantam na copa das árvores. As flores agora transformam a paisagem em paraíso.
Vinte e quatro horas se passaram depois daquele tiro de rifle.
Ainda muito cedo nesta manhã, um homem alto, usando um chapéu de maça, trajando calça jeans, camisa xadrez de mangas longas, cachecol no pescoço, barba por fazer e de olhos azuis bem arregalados, embrenha-se pela floresta como se a conhecesse como a palma da sua mão. Ele carrega um rifle com mira de longo alcance, porém, a arma é carregada com dardos tranquilizantes. Depois de muito caminhar, para, aguça a audição, tenta diferenciar os sons e fareja como um lobo o rastro de sangue deixado pela fera nas folhagens. A mente racional procura o motivo da lógica e encontra após um quilômetro, o cadáver com a marca das garras da fera do lado esquerdo do corpo caído, quase engolido pela lama fina arrastada pela correnteza das águas da chuva. As costelas e o tórax da vítima estão dilacerados e as pontas das unhas do animal cortou parte do coração como se fosse uma lâmina de estilete na manteiga. O homem apanha do chão o rifle do caçador, põe a tiracolo, retira a munição dos bolsos da vítima e deixa para trás o que ele mais queria: o coração intacto, mesmo que já estivesse morto.
Olhando a linha do horizonte, onde está a cidade, e até onde a vista alcança não dá para ver a torre da igreja, o ponto de referência mais alto. Uma cortina de fumaça provocada pela neblina impede essa visão.
Distante dali, a porta se abre e David Emanuel entra. A casa aparentemente é uma residência normal construída no estilo colonial de muito bom gosto, está alicerçada em uma grande propriedade e em seu interior há no subsolo um porão com paredes impenetráveis que serve como laboratório científico e é mantido em sigilo para quem o visitar. Distante da cidade alguns poucos quilômetros a casa tem um ar de castelo mal assombrado em sua arquitetura. Pouquíssimas pessoas vão ali, a não ser que tenham um compromisso muito sério com o Dr. David. Na sala de estar há animais e aves de muitas espécies, empalhados, fixos nas paredes. Colunas de mármore seguram o teto de onde desce um castiçal folheada a prata. No piso de cerâmica antiga bem lustrada uma pele de urso marrom decora a lateral do grande sofá de couro e para completar, uma mesa de madeira de um metro por setenta centímetros com duas gavetas exibe algumas garrafas de licor, vinho e uísque.
David Emanuel coloca o chapéu no cabide, pendura o rifle com dardos numa espécie de estante que ele mesmo fez e onde há outras armas de sua coleção, entre elas espadas e adagas. Depois desce até o porão e guarda o rifle e as munições que trouxe da floresta. Volta para a sala de estar, serve uma dose de sua bebida preferida, degusta, acende um charuto ao tempo que retira o cachecol e o coloca nos ombros do sofá e com a taça na mão esquerda, senta-se numa poltrona e põe-se a pensar por um longo tempo.
São aproximadamente onze horas da manhã. Um sedan preto com vidros fumê estaciona na frente da casa e um homem alto de terno escuro desce, fecha a porta, trava com o alarme e dirige-se à porta da casa, sobe três degraus e aperta a campainha.
Distante dali, a porta se abre e David Emanuel entra. A casa aparentemente é uma residência normal construída no estilo colonial de muito bom gosto, está alicerçada em uma grande propriedade e em seu interior há no subsolo um porão com paredes impenetráveis que serve como laboratório científico e é mantido em sigilo para quem o visitar. Distante da cidade alguns poucos quilômetros a casa tem um ar de castelo mal assombrado em sua arquitetura. Pouquíssimas pessoas vão ali, a não ser que tenham um compromisso muito sério com o Dr. David. Na sala de estar há animais e aves de muitas espécies, empalhados, fixos nas paredes. Colunas de mármore seguram o teto de onde desce um castiçal folheada a prata. No piso de cerâmica antiga bem lustrada uma pele de urso marrom decora a lateral do grande sofá de couro e para completar, uma mesa de madeira de um metro por setenta centímetros com duas gavetas exibe algumas garrafas de licor, vinho e uísque.
David Emanuel coloca o chapéu no cabide, pendura o rifle com dardos numa espécie de estante que ele mesmo fez e onde há outras armas de sua coleção, entre elas espadas e adagas. Depois desce até o porão e guarda o rifle e as munições que trouxe da floresta. Volta para a sala de estar, serve uma dose de sua bebida preferida, degusta, acende um charuto ao tempo que retira o cachecol e o coloca nos ombros do sofá e com a taça na mão esquerda, senta-se numa poltrona e põe-se a pensar por um longo tempo.
São aproximadamente onze horas da manhã. Um sedan preto com vidros fumê estaciona na frente da casa e um homem alto de terno escuro desce, fecha a porta, trava com o alarme e dirige-se à porta da casa, sobe três degraus e aperta a campainha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário