Reino de Astride. Céu
estrelado. Castelo do rei Manoel II. A princesa Diana, com um vestido de seda
verde musgo de tonalidade mais escura e ramalhetes bordados a ouro na gola e na
bainha, caminha entre corredores com um brilho no olhar. Carrega embaixo dos
braços rolos de esboços da obra que ela tanto sonha: o teatro, feitos por seus
engenheiros e arquitetos. As tochas de fogo maiores iluminam o ambiente.
Guardas reais posicionam-se próximos ao rei, como estátuas, imóveis, porém,
atentos.
–– Majestade! Majestade!
Aqui estão os primeiros esboços e croquis da nossa obra! – Diana fala com um
sorriso largo de alegria, enquanto apanha no chão um dos rolos que escorrega e
cai.
–– Que maravilha, filha!
Deixe-me ver! – responde o rei que se levanta para receber a filha
compartilhando da sua felicidade.
–– Olhe! Aqui ficará o salão
teatral com colunas de mármore! Aqui, a entrada principal e saídas laterais! E
aqui...
–– Deixe que eu tire minhas
conclusões! – responde o rei, desenrolando todas as folhas do projeto e
colocando umas sobre as outras na mesa maior.
–– Está certo, meu pai! Olhe
com carinho. Tudo que está aí ficou de acordo com o que pedi. Mas o senhor pode
mudar o que achar conveniente, afinal, será o senhor que dará a palavra final!
–– Vou olhar com calma ainda
hoje, e amanhã, já terei a resposta! – diz o rei com olhar de aprovação colocando
uma planta sobre a outra – Ah, Diana, falta uma coisa em seu projeto.
–– E o que é pai?
–– O mais importante! O
nome!
–– O senhor tem alguma sugestão?
–– Primeiro quero lhe ouvir.
Certamente que você pensou tudo isso, mas com certeza tem a quem homenagear.
–– Sim! Tenho!
–– Pois fale!
–– É justo homenagear minha
mãe, sua esposa!
–– Concordo plenamente!
Teatro Real de Astride! Excelente! Excelente! Além de ser uma obra para
história!
–– Bem, já que o Senhor
concorda, vou me retirar para meus aposentos! Hoje foi bem cansativo!
–– Sim, filha! Tenha uma boa
noite de sono e descanso – o rei beija a filha na face, senta-se novamente e
continua a observar com muita atenção os croquis à luz de velas. Ele estala os
dedos e pede a um de seus súditos que lhe traga mais luz.
Diana sai, entra em seu
quarto, dispensa as criadas, fecha a porta por dentro, despe-se de suas vestes,
deixa-as no chão e entra numa enorme banheira de leite e rosas; passa algum
tempo ali, pensativa, de olhos fechados, levanta-se, caminha nua e enrosca-se
numa toalha aveludada e deita-se na cama, abraça um travesseiro branco, macio,
feito com penas de gansos e coloca outro
embaixo da cabeça. Do lado de fora, dois guardas armados com lanças e espadas mantém-se
em pé ao lado da porta.
(...)
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