domingo, 26 de abril de 2020
Cangaceiros 7
–– Está na sala dele. Aguarde aí. Ele tem uma visita importante. Vixe! Tá avexado assim por quê?
–– M-mas é, é um ca-caso de vi-vida ou mor-morte!
–– Tenha calma, gaguinho! Aguarde sua vez! Ôxe!!
A visita importante como o recruta falou, trata-se de um homem que certamente é o braço direito do Coronel Messias que veio trazer propina.
–– Pois muito bem Senhor Lucas. Quanto ele mandou dessa vez?
–– Está tudo aí nesse envelope, conforme o Senhor pediu. Agora ele disse que é para o Senhor fechar oszói, caso alguma coisa ruim venha a acontecer ou dar errado – diz o capanga de Coronel Messias.
–– Hum!! Ô cabra arretado de palavra!
–– Delegado, com sua licença, tem um gaguinho aperreado querendo falar com o Senhor. Ele tá realmente agoniado.
–– Terminamos aqui, Lucas, mas pode ficar enquanto atendo essa ocorrência. Mande-o entrar, cabo.
Gaguinho já está para botar os bofes pela boca, e nesse interim, chega Chico Preto ainda mais nervoso que o outro.
–– Quero falar com o Delegado. Ele está aí?
–– O que houve?
–– Tenho que avisar a ele do furdunço que aconteceu no bar do Arilson.
–– É o mesmo assunto do gaguinho?
–– É. Mas sei explicar melhor para a autoridade não perder tempo.
–– Pois emburaca, já que ele está lá dentro!
–– De-de-de...
–– Delegado! - Completa o policial.
–– N-não! De-de-defunto!
–– Defunto, onde?
–– O diabo quando não vem, manda o secretário.
–– Cala a boca Lucas – repreende o Delegado.
–– No, no car-carro de bó, boi.
–– Que carro gaguinho?
–– No bar.
–– Entendi. Defunto no carro de boi, no bar.
–– Onde fica o bar?
–– Na, na bó, bó, bodega do-do Ari-arilson.
–– Senhor Delegado o caso é sério! – confirma a história Chico Preto – um homem e uma mulher foram encontrados mortos dentro do carro de bois, em frente à bodega do Arilson.
–– Agora entendi tudinho. Quem matou quem?
–– Ai que está o problema, Senhor delegado.
–– A ro-roda, a roda...
–– Gaguinho deixa só o Chico Preto falar.
–– T-tá bom.
–– Delegado o Gaguinho estava lá na hora do acidente.
–– Do crime?
–– Não. Ele viu quando a roda quebrou e caiu. Aí os corpos apareceram. Estavam escondidos entre as canas.
–– Esperem lá fora ou podem ir embora se quiserem. Vou tomar as providências.
–– Certo! Senhor. Vamos voltar, mas o Senhor precisa ir lá ligeiro bala.
–– Agora vão. Lucas, diga-me uma coisa, foi por isso que recebi esse dinheiro hoje?
–– Não era para ser assim. Coisa ruim acontece, mas o que você vai fazer agora?
–– É complicado! Pelo visto, muita gente já sabe disso.
–– Dê seus pulos, Delegado. Resolva o caso.
–– Olha como fala comigo, Lucas. Ah, e diga ao Coronel que qualquer coisa, estamos às ordens.
–– Pois resolva. Estou de saída. E é melhor que seja rápido. O patrão não vai gostar se algo der errado, principalmente que esse ano tem eleição.
–– É. Eu sei. Não precisa me lembrar. Quer dar uma passada por lá?
–– Quero nada. Até mais ver!
–– Até!
(...)
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