–– Elias! Michel! Para fora,
os dois! Já descansaram o bastante! Essa tarde, vamos treinar com arco e
flechas! – ordena Joshua.
–– Ah, aí sim! É mais
cômodo! – afirma Michel.
–– Eu também gosto do arco!
– concorda Elias.
–– Bem, então vamos lá!
Primeiro preparem os cavalos! Alvos parados só no final! Vamos fazer o
seguinte: mantenham uma distância de vinte metros. Os cavalos vão passar com os
alvos grudados nas selas em estandartes de vime e vocês terão que acertar doze
flechas.
–– E como fica quem acertar
menos? – pergunta Michel.
–– Filho, o perdedor dormirá
do lado de fora da casa. Será o vigia da noite! A vida é assim: ganhadores
recebem prêmios, perdedores castigos, para aprender a fazer bem feito.
–– O senhor leva muito a
sério esse treinamento!
–– A vida é uma competição e
não há lugar para fracassados! – diz o pai enfaticamente – estão prontos?
–– Sim senhor! – respondem
os dois jovens simultaneamente.
–– Os cavalos correrão em
círculo no eixo de vinte metros de distância de vocês que ficarão no centro.
Flechas com penas azuis para o Michel e penas vermelhas para o Elias.
Entendido?
–– Sim pai! – Michel
responde, enquanto Elias confirma com a cabeça.
–– Helena!
–– Sim, pai!
–– Você monta o cavalo
preto!
–– Jesus!
–– Sim, pai!
–– Você monta o malhado e eu
o branco. O jogo termina quando atirarem as doze flechas e aí faremos a
contagem. Estão prontos? Vamos lá!
Sentada em um banquinho
rústico de madeira, Madalena observa o treinamento do marido com os filhos no
terreiro da casa. Não diz nada. Pouco a pouco quando os cavalos galopam a
poeira toma conta do local, e, essa é a finalidade da prova, tornar a
visibilidade dos alvos mais difíceis.
Uma hora de cavalgadas em
círculo é o suficiente.
–– Terminei! – grita Elias.
–– Eu também! – afirma
Michel.
–– Muito bem! Então vamos
fazer a contagem! – diz Joshua.
Os cavaleiros descem dos
animais, soltam-nos e colocam os estandartes no chão.
–– Eu não vou ficar parada
aqui. Farei a conferência! – afirma Madalena enquanto caminha para verificar os
alvos. Joshua, o pai, Elias, Michel, Helena e Jesus respeitam a decisão da mãe
e observam em pé.
–– Bem, todos acertaram as
doze flechas. Temos um empate aqui!
–– Então teremos que
desempatar com alvos fixos a uma distância de cinquenta metros e somente com
três flechas. Helena, pegue duas maçãs e coloque nas estacas! – ordena Joshua.
–– Certo pai!
–– Rápido! Enquanto estamos
com o sangue quente!
Jesus pega as estacas,
finca-as no chão a cinquenta metros da marca que o pai determina e Helena
coloca as frutas nas pontas.
–– Estão prontos? Comecem!
Cada um atira três vezes e
novamente acertam os alvos. Há um novo empate.
–– E agora, Joshua, como
você vai decidir isso? – indaga Madalena.
–– Vou jogar três maçãs para
o alto e aquele que acertar ganhará! Vamos lá!
Joshua joga as maçãs uma a
uma enquanto os jovens atiram. Elias erra as três e Michel acerta uma.
–– Temos um ganhador. Mas
vocês precisam treinar mais!
–– Homem deixe de
exigências! – reclama Madalena.
–– O que eu ganho pai? –
indaga Michel.
–– Ganha os “parabéns” do
pai e da família.
–– E eu? Qual o castigo?
–– Chega de castigos e
prêmios! Há coisas que temos que fazer em consenso. Vamos comer alguma coisa e
beber um vinho! Vocês já provaram que são homens de fibra e bem disciplinados!
– encerra Madalena.
–– Aqui quem manda é a
mulher! Então vamos comer e beber. Amanhã cedo a gente recomeça! – diz Joshua.
Helena abraça o irmão e o
conduz à sala para comer queijo e degustar o vinho. Michel dá um tapinha nas
costas de Elias que retribui com um sorriso e também segue para a casa.
Jesus! Tire os arreios dos
cavalos dê de beber e solte-os no pasto! – ordena Joshua.
Está bem, pai!
(...)
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