terça-feira, 10 de março de 2020

A Conquista do Reino 6



–– Elias! Michel! Para fora, os dois! Já descansaram o bastante! Essa tarde, vamos treinar com arco e flechas! – ordena Joshua.
–– Ah, aí sim! É mais cômodo! – afirma Michel.
–– Eu também gosto do arco! – concorda Elias.
–– Bem, então vamos lá! Primeiro preparem os cavalos! Alvos parados só no final! Vamos fazer o seguinte: mantenham uma distância de vinte metros. Os cavalos vão passar com os alvos grudados nas selas em estandartes de vime e vocês terão que acertar doze flechas.
–– E como fica quem acertar menos? – pergunta Michel.
–– Filho, o perdedor dormirá do lado de fora da casa. Será o vigia da noite! A vida é assim: ganhadores recebem prêmios, perdedores castigos, para aprender a fazer bem feito.
–– O senhor leva muito a sério esse treinamento!
–– A vida é uma competição e não há lugar para fracassados! – diz o pai enfaticamente – estão prontos?
–– Sim senhor! – respondem os dois jovens simultaneamente.
–– Os cavalos correrão em círculo no eixo de vinte metros de distância de vocês que ficarão no centro. Flechas com penas azuis para o Michel e penas vermelhas para o Elias. Entendido?
–– Sim pai! – Michel responde, enquanto Elias confirma com a cabeça.
–– Helena!
–– Sim, pai!
–– Você monta o cavalo preto!
–– Jesus!
–– Sim, pai!
–– Você monta o malhado e eu o branco. O jogo termina quando atirarem as doze flechas e aí faremos a contagem. Estão prontos? Vamos lá!

Sentada em um banquinho rústico de madeira, Madalena observa o treinamento do marido com os filhos no terreiro da casa. Não diz nada. Pouco a pouco quando os cavalos galopam a poeira toma conta do local, e, essa é a finalidade da prova, tornar a visibilidade dos alvos mais difíceis.

Uma hora de cavalgadas em círculo é o suficiente.

–– Terminei! – grita Elias.
–– Eu também! – afirma Michel.
–– Muito bem! Então vamos fazer a contagem! – diz Joshua.

Os cavaleiros descem dos animais, soltam-nos e colocam os estandartes no chão.

–– Eu não vou ficar parada aqui. Farei a conferência! – afirma Madalena enquanto caminha para verificar os alvos. Joshua, o pai, Elias, Michel, Helena e Jesus respeitam a decisão da mãe e observam em pé.
–– Bem, todos acertaram as doze flechas. Temos um empate aqui!
–– Então teremos que desempatar com alvos fixos a uma distância de cinquenta metros e somente com três flechas. Helena, pegue duas maçãs e coloque nas estacas! – ordena Joshua.
–– Certo pai!
–– Rápido! Enquanto estamos com o sangue quente!

Jesus pega as estacas, finca-as no chão a cinquenta metros da marca que o pai determina e Helena coloca as frutas nas pontas.

–– Estão prontos? Comecem!

Cada um atira três vezes e novamente acertam os alvos. Há um novo empate.

–– E agora, Joshua, como você vai decidir isso? – indaga Madalena.
–– Vou jogar três maçãs para o alto e aquele que acertar ganhará! Vamos lá!

Joshua joga as maçãs uma a uma enquanto os jovens atiram. Elias erra as três e Michel acerta uma.

–– Temos um ganhador. Mas vocês precisam treinar mais!
–– Homem deixe de exigências! – reclama Madalena.
–– O que eu ganho pai? – indaga Michel.
–– Ganha os “parabéns” do pai e da família.
–– E eu? Qual o castigo?
–– Chega de castigos e prêmios! Há coisas que temos que fazer em consenso. Vamos comer alguma coisa e beber um vinho! Vocês já provaram que são homens de fibra e bem disciplinados! – encerra Madalena.
–– Aqui quem manda é a mulher! Então vamos comer e beber. Amanhã cedo a gente recomeça! – diz Joshua.
Helena abraça o irmão e o conduz à sala para comer queijo e degustar o vinho. Michel dá um tapinha nas costas de Elias que retribui com um sorriso e também segue para a casa.
Jesus! Tire os arreios dos cavalos dê de beber e solte-os no pasto! – ordena Joshua.
Está bem, pai!
(...)

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