segunda-feira, 2 de março de 2020

A Conquista do Reino 3



A Conquista do Reino 3

Enquanto isso, do outro lado do continente, no castelo do rei Gabriel de Alcântara, homem inescrupuloso, forte, de cabelos grisalhos e detentor de um poderio incalculável, e que comanda um dos maiores exércitos da região. Costuma manter seus desafetos como reféns até conseguir o que quer e, como um vampiro, suga até a última gota de sangue, literalmente.

–– Não entendo como um homem pode sofrer tanto e não revelar esse mísero segredo – diz o rei dirigindo-se aos conselheiros.
–– Majestade, motivos ele tem de sobra! – diz um de seus súditos.
–– Como assim, tem motivos de sobra?
–– Vossa Majestade o venceu em batalha, tomou conta de seu reino, aprisionou a rainha, matou o restante da família e só sobrou esse menino que vossa Majestade insiste em afirmar que ele está vivo!
–– Chega! Deixem-me todos! Preciso pensar em como fazer para ele dar com a língua nos dentes! Saiam!

Os conselheiros retiram-se do salão nobre e o rei põe-se a pensar em seu trono de ouro maciço.

–– Guardas! Tragam-me o rei Saul e a rainha Catarina!
–– Sim, Majestade!

Dois guardas enveredam pelos corredores do castelo até chegar ao subsolo, em uma cela escura, iluminada por tochas.
–– Abra a cela! O rei quer ver o prisioneiro!
Lá no canto, um homem barbudo e maltrapilho encontra-se acorrentado. Os guardas o pegam e o levam para o salão nobre. Outros dois guardas chegam aos aposentos da rainha que é tratada com um pouco mais de dignidade, apesar de estar num cômodo do castelo com cama, latrina e uma mesa para fazer as refeições. Mesmo assim, também é vigiada vinte e quatro horas por dia durante anos.
–– Pronto! Majestade! Aqui está o prisioneiro! – diz o guarda.
–– E aqui está a prisioneira! – fala o outro guarda.
–– Por favor, tirem essas algemas e correntes dos prisioneiros! Não é assim que se deve tratar a nobreza! Deixe-os livres! Outra coisa, traga o barbeiro para cortar o cabelo e aparar a barba desse homem! Chamem as criadas para darem banho neles. Estou ficando enjoado com essa catinga de rato molhado! – diz o rei em tom de deboche.
–– Sim, Majestade!
–– Quando estiverem limpos, asseados, levem-nos para a sala de refeições imperial. Eles hoje almoçarão com o rei e beberão do melhor vinho!
–– Vossa Majestade é um cafajeste! – diz o rei Saul.
–– Não abuse da minha hospitalidade Saul. Tenho a boa vontade de conversar com vocês em banquete particular e você me ofende! Olha que posso mudar de ideia!
–– Faça como quiser!
–– Ah, Saul, vossa Majestade sabe que gosto de jogos. Após o almoço poderemos jogar uma partida de xadrez. Se tu ganhares, prometo-te a liberdade! 
–– Vai para o inferno!
–– Levem-nos daqui e façam o que ordenei!

Criados e guardas conduzem o casal para outro espaço a fim de realizar o corte de cabelo, barba, banho e troca de vestimentas.

Michel e Elias voltam exaustos da corrida e agora caminham rumo ao tanque de cimento para tomar banho.

–– Bravo! Deixaram os ovos no ninho ou no meio do caminho? – Pergunta Joshua.
–– Claro que deixamos no ninho, pai!
–– Então já podem sentar-se à mesa para comer!
–– E o cabrito?
–– A Madalena antecipou as coisas e matou duas galinhas! Comam, descansem e logo mais vamos praticar com arco e flecha, lanças e facas. Amanhã treinaremos com espadas!
–– Entendido mestre! – responde Elias.
(...)

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