A Conquista do Reino 3
Enquanto isso, do outro lado
do continente, no castelo do rei Gabriel de Alcântara, homem inescrupuloso,
forte, de cabelos grisalhos e detentor de um poderio incalculável, e que comanda
um dos maiores exércitos da região. Costuma manter seus desafetos como reféns
até conseguir o que quer e, como um vampiro, suga até a última gota de sangue,
literalmente.
–– Não entendo como um homem
pode sofrer tanto e não revelar esse mísero segredo – diz o rei dirigindo-se
aos conselheiros.
–– Majestade, motivos ele
tem de sobra! – diz um de seus súditos.
–– Como assim, tem motivos
de sobra?
–– Vossa Majestade o venceu
em batalha, tomou conta de seu reino, aprisionou a rainha, matou o restante da
família e só sobrou esse menino que vossa Majestade insiste em afirmar que ele
está vivo!
–– Chega! Deixem-me todos!
Preciso pensar em como fazer para ele dar com a língua nos dentes! Saiam!
Os conselheiros retiram-se
do salão nobre e o rei põe-se a pensar em seu trono de ouro maciço.
–– Guardas! Tragam-me o rei
Saul e a rainha Catarina!
–– Sim, Majestade!
Dois guardas enveredam pelos
corredores do castelo até chegar ao subsolo, em uma cela escura, iluminada por
tochas.
–– Abra a cela! O rei quer
ver o prisioneiro!
Lá no canto, um homem
barbudo e maltrapilho encontra-se acorrentado. Os guardas o pegam e o levam
para o salão nobre. Outros dois guardas chegam aos aposentos da rainha que é
tratada com um pouco mais de dignidade, apesar de estar num cômodo do castelo
com cama, latrina e uma mesa para fazer as refeições. Mesmo assim, também é
vigiada vinte e quatro horas por dia durante anos.
–– Pronto! Majestade! Aqui
está o prisioneiro! – diz o guarda.
–– E aqui está a
prisioneira! – fala o outro guarda.
–– Por favor, tirem essas
algemas e correntes dos prisioneiros! Não é assim que se deve tratar a nobreza!
Deixe-os livres! Outra coisa, traga o barbeiro para cortar o cabelo e aparar a
barba desse homem! Chamem as criadas para darem banho neles. Estou ficando
enjoado com essa catinga de rato molhado! – diz o rei em tom de deboche.
–– Sim, Majestade!
–– Quando estiverem limpos,
asseados, levem-nos para a sala de refeições imperial. Eles hoje almoçarão com
o rei e beberão do melhor vinho!
–– Vossa Majestade é um
cafajeste! – diz o rei Saul.
–– Não abuse da minha
hospitalidade Saul. Tenho a boa vontade de conversar com vocês em banquete
particular e você me ofende! Olha que posso mudar de ideia!
–– Faça como quiser!
–– Ah, Saul, vossa Majestade
sabe que gosto de jogos. Após o almoço poderemos jogar uma partida de xadrez.
Se tu ganhares, prometo-te a liberdade!
–– Vai para o inferno!
–– Levem-nos daqui e façam o
que ordenei!
Criados e guardas conduzem o
casal para outro espaço a fim de realizar o corte de cabelo, barba, banho e
troca de vestimentas.
Michel e Elias voltam
exaustos da corrida e agora caminham rumo ao tanque de cimento para tomar
banho.
–– Bravo! Deixaram os ovos
no ninho ou no meio do caminho? – Pergunta Joshua.
–– Claro que deixamos no
ninho, pai!
–– Então já podem sentar-se
à mesa para comer!
–– E o cabrito?
–– A Madalena antecipou as
coisas e matou duas galinhas! Comam, descansem e logo mais vamos praticar com
arco e flecha, lanças e facas. Amanhã treinaremos com espadas!
–– Entendido mestre! –
responde Elias.
(...)
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