A Conquista do Reino
O treinamento de Elias e
Michel
Aldeia Alta não é um nome
bonito, até porque a aldeia é numa superfície plana. Mas o local em si é
bonito. É cercado por árvores frondosas. Tem alguns animais no pasto. Joshua
cuida muito bem de sua pequena propriedade. Acorda cedo, cuida da lavoura, dá
comida aos porcos e galinhas. Alimenta os três cavalos e o rebanho de ovelhas.
Vive em tese, satisfeito com a vida. Joshua tem dois filhos e uma menina adolescente
e é amado por sua mulher.
–– Acorda Elias! Os galos já
cantaram umas dez vezes!
–– Bom dia! Eu já estou
acordado faz tempo! Só estava achando bom esse friozinho aqui!
–– Estás lembrado que hoje é
dia de treinamento?
–– Sim! Pai Joshua!
–– Pois levantas e vais
tomar o café! A Madalena fez um bolo de milho que é uma beleza!
–– Sim, senhor! Obrigado!
Depois do café da manhã,
Joshua monta o cavalo branco e ordena que Elias e Michel, seu filho, façam uma
corrida longa até o topo da montanha, que por sinal é muito distante. Ele os
deixa lá, e avisa aos dois jovens para voltarem antes que o cabrito seja
colocado para assar ou ficarão sem comer. Mas não é só isso. Assim, ficaria
fácil demais. Os dois homens terão que encontrar ninhos de pássaros e cada um
terá que trazer um ovo inteiro, enquanto ele – Joshua – matará o cabrito, tirará
o couro, tratará, temperará e porá para assar na fogueira.
Joshua cavalga à frente dos
jovens até chegar ao ponto que ele quer que comece o pequeno desafio. Então,
galopa rápido de volta para casa.
Depois de quase duas horas,
Elias chega cansado com um ovo na mão e entrega a Joshua. Minutos depois
Michel, também cansado e suado, entrega outro ovo ao pai.
–– Muito bem! Os dois estão
pensando que cumpriram a missão.
–– E não cumprimos pai?
–– O que falta agora? –
indaga Elias.
–– Bem, se eu chegasse aqui
e não encontrasse meus filhos e a Madalena me dissesse que eles haviam sido
sequestrados, o que eu faria?
–– O senhor iria nos
procurar!
–– Muito bem Michel! Eu
iria! Mas os pássaros não entendem a humanidade! Esses ovos estavam nos ninhos
para serem gerados! Provavelmente já existe um embrião aí dentro!
–– Os pássaros nem darão
pela falta!
–– Eles podem não saber
contar. Mas sabem por instinto quantos filhotes estão no ninho.
–– E o que devemos fazer
agora? – indaga Elias.
–– Vocês vão voltar correndo
e devolver aos ninhos, sem quebrar e sem me enganar. Pois se mentirem para mim,
estarão mentindo para vocês mesmos.
–– Pai nós acabamos de
chegar. Estamos cansados!
–– A vida exige sacrifícios.
E vocês são novos. Entendam que numa batalha, às vezes, a vitória está na
resistência e não no ataque. Agora vão!
–– Está certo! Mas, pai, e o
cabrito que o senhor prometeu para o almoço? Cadê?
–– Era só um artifício para
acelerar o desafio, a motivação. Quando vocês chegarem, matarão e prepararão
para a gente comer. Vão, vão! Já vai dar meio dia! Além do mais, quem vai dar
banho nos cavalos?
(...)
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