terça-feira, 10 de março de 2020

A Conquista do Reino 5



Reino Continental

–– Olha que coisa mais linda! O rei Saul de cabelo cortado e barba feita! – diz o rei Gabriel em tom de ironia – viu como a gente trata bem nossos convidados para uma refeição digna? – e continua dirigindo-se à rainha – Vossa Majestade está deslumbrante! Sentem-se, por favor!

O rei Saul e a rainha Catarina sentam-se á mesa sem falar nada. Sentem-se constrangidos e humilhados por aquele que não tem bondade no coração.

–– Tragam-nos os faisões, os patos e os porcos assados! Vossas Majestades não podem esperar tanto assim! Tragam também o melhor vinho e pães! Não é Saul? Nesse banquete Vossa Majestade me contará um de seus segredos, não é?
–– Eu já não tenho segredos!
–– Ah, tem sim senhor!
–– Tragam-me uma tesoura amolada!

Os pratos são colocados na mesa.  Cada um mais bonito que o outro. A cozinha do castelo tem excelentes cozinheiros. A gastronomia é impecável. Um dos servos vai colocando vinho nas taças folheadas a ouro, enquanto um dos súditos bota uma toalha branca na mesa ao lado de Gabriel e sobre ela uma tesoura virgem.

–– Tragam-me um bode vivo! Mas, vamos comer primeiro! Saúde! Saúde! Vamos Saul e Catarina, levantem suas taças!
–– Não temos a que brindar! – diz Saul indignado sem saber o que os aguarda.
–– Temos sim, meu rei! Vamos ver se dessa vez Vossa Majestade vai ser tão forte quanto parece! Vamos comer! Você não está sem fome, está?

Gabriel faz uma pausa, começa a comer pães de alho, saboreia uma uva e entra no prato principal.

–– Coma meu rei. Na masmorra não terá essas opções!

Saul e Catarina comem, não por prazer ou pela companhia, mas por uma questão de sobrevivência.

–– Muito bem! Muito bem! Estamos provando o melhor da culinária desse reino. Feito pelos melhores profissionais de toda a região. E vocês sabem que um país que não tem boa comida não pode ter uma referência positiva!

Catarina e Saul comem como se a comida inchasse na boca.

–– Ah, aí está o bode! Vocês sabem que esse é um animal usado em muitos rituais, inclusive na maçonaria, em rituais de magia, mas hoje será só para eu ver como vocês reagem ao sangue, apesar de saber que já participaram de muitas guerras.
–– O que um animal tem a ver com outro? – indaga a rainha Catarina.
–– Eu vou sangrá-lo aqui, nessa mesa. E já que Vossa Majestade perguntou, a pena se aplicaria a ele, mas agora será a você.

O rei Gabriel sobe na mesa, acena com a mão para que coloquem o animal sobre a mesma mesa e o sangra. Apara o sangue com uma tigela de cerâmica e banha a cabeça do rei Saul e da rainha Catarina, humilhando-os. Depois, desce, e pergunta: ––  Majestade, onde está seu filho? Ele hoje deve ser um jovem adulto e carrega outros segredos que pretendo saber. Onde está?
–– Eu não sei! – responde Saul com voz firme.
–– Onde está seu filho?
–– Eu já disse, não sei!
–– Tudo bem! – diz o rei Gabriel enquanto desce da mesa e pega a tesoura.
–– Agora vamos ver quanto amor Vossa Majestade tem pela sua rainha! – o rei caminha para o outro lado da mesa e pega a mão da rainha, posiciona a tesoura no dedo mindinho e pergunta novamente:
–– Onde está seu filho?

A rainha é forte, não reluta e deixa que seja feita a sua vontade. Ela também não sabe e mesmo que soubesse, não diria. O amor de mãe é sempre mais forte que tudo.

–– Majestade! Cortarei o dedo de sua rainha se não me disser onde está seu filho.
–– Eu não sei. Ela não sabe! Não cometa esse erro!

E numa questão de segundos, o rei Gabriel corta o dedo da rainha que range os dentes e fica calada mesmo sentindo dor.

–– Levem-nos daqui. Por hoje é só! Chame o médico para fazer um curativo no dedo da rainha! Levem o rei para seus aposentos: o calabouço! E a rainha, para o quarto enquanto melhora dessa dor horrível!
(...)

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