A Conquista do Reino 16
Os soldados do reino de
Astride sentam-se ao redor de grandes mesas de madeira servidas com jarras de
vinho, pratos diversificados de iguarias como pato, faisão e porco, porém, eles
foram orientados anteriormente pelo General a não beber e somente comer. E
assim fazem.
O General Osório senta-se em
frente ao rei em outra mesa, onde também está Zafir, o feiticeiro e conselheiro
do rei Gabriel de Alcântara. O General não o conhece como feiticeiro, mas
encara o homem que usa tuba, bigode fino e cavanhaque. Os olhos são sombreados
de preto e uma capa azul escura lhe cai sobre os ombros escondendo uma adaga na
cintura.
–– Alteza! Quero lhe fazer
uma pergunta!
–– Sou todo ouvido!
–– Porque um comandante seu
com uma legião de soldados atacou uma aldeia de camponês?
–– Como você sabe que era um
comandante meu?
–– Porque ele tinha uma
espada com um símbolo do seu reino!
–– Tinha? Você o matou?
–– Nós nos defendemos do
exército que ele comandava!
–– E onde está essa espada
com meu símbolo?
–– Aqui está! – O General
Osório desembrulha a espada enrolada em um pano e põe sobre a mesa.
–– Interessante! Mas isso
não prova nada! Ele pode ser um desertor, ou tomado essa espada de um de meus
soldados! – diz o rei com voz firme, como se não soubesse de nada.
–– É claro! Não posso
discordar de sua Alteza! – pondera o General.
–– Então, já que o matou,
presumo que saiba onde está o corpo!
–– Sim, Alteza! Eu o trouxe
comigo para esclarecer outra dúvida! – O General estala os dedos para seu
subordinado, o capitão, e o corpo do comandante é trazido para o salão.
–– Você é um homem
precavido, General. Zafir guarde esta espada para investigação mais tarde.
–– Sim Alteza!
–– Agora, diga-me Majestade,
porque esse comandante era o único humano à frente de homens de pedra e areia?
–– Não sei! E desconheço
essa ofensa!
–– Não é uma ofensa!
Perdoe-me! É uma observação! Estou curioso para descobrir isso!
–– Nesse caso, somos dois
que vamos descobrir isso. Até porque poderá ser uma ameaça para todos os
reinos.
–– É claro Majestade! Bem,
já que isso não tem muito a ver com seu reino, vamos comer e descansar!
–– Muito a ver? Não temos
nada com esse ataque! E diga ao rei Manoel II que o rei Saul e a rainha foram
mortos em combate. O resto é boato!
–– Vossa Majestade não acha
que boato é como fumaça?
–– O que você quer dizer
General?
–– Que onde há fumaça há
fogo!
–– General, o senhor é muito
audacioso! E em outras palavras está chamando o rei de mentiroso. Não vamos
colocar os reinos em confronto. Ou você quer testar o meu poderio?
–– Só quero a verdade! Sua
palavra me basta!
–– Então, diga ao rei Manoel
que manteremos a paz, desde que não haja mais ofensas.
–– Sim Majestade, eu direi!
–– Divirtam-se! Comam e
bebam! Vou me retirar para meus aposentos! Amanhã, continuaremos com essa
conversa!
–– Certamente, Majestade!
O General sentiu que afetou
os brios do rei e conclui que ele sabe mais do que disse, e quando fica a sós
com seu capitão comenta:
–– Vamos fingir que
acreditamos Capitão. Eu olhei em seus olhos e sei quando um homem mente!
–– Vou retirar os homens
para dormir e esperar o que vai ser amanhã!
–– Faça isso Capitão! E
fique de olhos abertos! Não gostei desse tal de Zafir!
–– Nem eu General!
(...)