Em sua
jornada, Gina segue seus instintos, sua intuição, por caminhos tortuosos, trilhas
quase inexploradas, serpentes e outros rastejadores são vistos e ignorados. A
floresta densa guarda muitos mistérios. Um dia de caminhada é vencido e logo
mais uma noite de escuridão, uma noite sem luar. Próximo aos rochedos parece um
bom lugar para acender uma fogueira e passar a noite. Ela come alguma coisa
enlatada e uma barra de cereal. Sobre sua mochila põe a cabeça e deita-se de
lado, com as pernas juntas. A jaqueta de couro que mais parece um gibão aquece
o corpo. Ela não tem sono. Seus pensamentos vagueiam. A saudade aperta e ela
tem as lembranças do pai, do irmão, de seu cachorro e de seus amigos vem à sua
mente. Gina se pergunta como conseguiria reagir àquela criatura em campo aberto
e acredita que teve sorte ou, foi protegida por Deus.
Quatro
olhos a observam e espreitam em silêncio entre as folhagens, e assim, passam a
noite. Quando amanhece o dia, as criaturas entram em conflito e a seguem.
O Bem
e o Mal são gêmeos quase idênticos, diferem nas cores, o Mal tem quase dois
metros e é alaranjado puxando mais para o ruivo ou vermelho, em partes do
corpo; O Bem é totalmente branco, com nuances de azul claro e tem estatura
parecida. Ambos seguem uma linhagem genética de lobos, embora não sejam dessa
família, mas são formas mitológicas que assumiram na terra, tendo ambos o poder
de se transformar em quaisquer animais, pássaros, aves ou seres de outras
naturezas que desejarem.
-
Vamos mata-la. Diz o Mal.
- Não!
Vamos deixa-la viva para ver o que acontece. Responde o Bem.
- Você
viu o que aconteceu ao Guardião da entrada, ela o matou sem usar uma arma. Deve
morrer também. Vamos mata-la.
- Eu
disse não. Vamos esperar.
-
Esperar o que? Que ela nos destrua também?
- Você
como sempre, é a maldade em pessoa. Quero dizer, é um animal.
- Não me
insulte. Não gosto que intrusos invadam meus domínios.
- Seus
domínios? Ha! Ha! Ha! Você não é o dono da verdade. Vamos segui-la para
sabermos quais seus objetivos.
- Está
bem. Vou concordar só essa vez. Vai em frente, preciso fazer uma coisa.
- O
que você vai fazer?
- Vou
ao Oráculo, me certificar do que fazer com ela.
- Não
precisa...
- Fui.
O
gêmeo do mal some rapidamente, para em seguida apresentarem-se, os dois, à Gina,
lá na frente. Ambos, um em cada lado do caminho, sobre rochas, estão sentados.
A arqueira avista-os e aponta sua flecha, ora mira em um, ora mira no outro.
Gina
até o momento não desconfiava de que estava
Sob vigilância
e sendo seguida.
- Quem
são vocês? - Pergunta Gina.
-
Somos os gêmeos. Eu sou o Bem.
- E eu
sou o Mal. Você invadiu nosso território e daqui não passará.
- Por
que não? Eu tenho um propósito...
- Não
passará. É melhor voltar ou morrerá.
-
Calma! Senhor maldade, vamos deixa-la passar e ver o que acontece.
- Ah,
isso não permitirei.
- Tem
um jeito de sabermos. Vou invocar Amenadiel.
- Não
faça isso. Vai estragar tudo por uma humana.
- Quem
é esse Amenadiel? – Pergunta Gina.
- É a
solução para sua vida. Responde o Bem, que em seguida levanta as mãos para o
céu, fecha os olhos, concentra-se e bate palmas por três vezes.
- Bem,
você cometeu um erro gravíssimo. – Diz o Mal.
Gina
observa a linha de discussão sem dar uma palavra. E em questão de segundos, o
céu se abre em um clarão e de dentro surge um anjo que pousa entre eles e fala:
- Eu
já os observava e tenho uma decisão rápida. O mal voltará para o inferno. Não
será aniquilado, pois não tenho esse poder, só meu Pai, mas desfaço agora todas
as maldades cometidas por ele nesta dimensão. E com um gesto de mão aberta,
apontada para o Mal, surge um facho de luz branca que faz com que ele volte
para as profundezas de seu espaço sinistro.
- Não!
Grita o Mal.
- E
você Bem, irá acompanhá-la nessa jornada até o Portal.
-
Amenadiel, posso pedir um favor?
- Não
sou o gênio da lâmpada, mas Fale.
-
Preciso das oito esferas que o Mal guardou no Oráculo.
-
Esperem aqui, só um instante.
E como
num passe de mágica, o anjo voa e some no ar.
- O
que são as oito esferas, Bem?
- São
as sete virtudes que lhe darei e a oitava é o controle da minha vida, que
estava aprisionada pelo Mal. Com o tempo você irá entender.
- E
porque preciso ter as sete virtudes? Um ser humano normal jamais conseguirá tal
perfeição.
- Você
só irá entender na prática. Quando voltar ao seu mundo.
-
Duvido! Nem canonizada eu chegaria esse ponto.
- Você
não precisa ser todas as virtudes simultaneamente, viva uma de cada vez um
pouco e transfira esse conhecimento.
-
Melhorou!
Amenadiel
volta e entrega as esferas.
-
Pronto! Guarde-as bem e as proteja dos sete pecados capitais. Eles são
terríveis.
-
Obrigado Amenadiel.
- Estarei
onde precisar. E lembre-se, até o Portal, não mais.
-
Lembrar-me-ei.
- Bom,
você já tem as esferas, vamos em frente.
- Tome
as suas, são pequenas, mas de grande poder. Elas estarão com você aqui durante
sua jornada, depois ficarão em sua personalidade. Vamos!
- Na
formação de caráter, você quer dizer?
- Entenda
como quiser.
Continua...
Carlos Holanda
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