Depois
de caminhar um pouco sobre lajedos, encontra o melhor ponto para dar um bom
mergulho e emergir mais próximo da queda da água. Passa as mãos no rosto e no
cabelo, sentindo-se abençoada naquele momento, torna a mergulhar e volta à
superfície da água; ouve um pedido sonoro de socorro. Olha em volta, não vê
ninguém e percebe que o grito abafado vem detrás da cortina de água. Sobe nas
pedras escorregadias e se depara com uma sereia acorrentada numa espécie de
cacimba formada por pedras como que para impedi-la de sair. Enfim, uma pequena
cela aquática.
- Me
ajude! Me ajude!
- Por que
você está amarrada?
- Se
não me libertar, serei a próxima do ritual da tribo.
- Que
tribo? Que ritual? Não há ninguém aqui.
-
Depressa. Faça alguma coisa. Eles irão voltar.
- Está
bem, vou buscar ajuda. Não tenho forças para romper essas correntes.
- Mas
vem logo. Eles devem estar a caminho.
- Não
se preocupe, volto já.
Gina
sai detrás da cachoeira, mergulha novamente e tenta sair para avisar seus
amigos do acontecido, mas quando emerge, vê que está cercada por uma tribo
indígena da região e antes que tenha qualquer reação é nocauteada com um
tacape. O Bem observa o ataque covarde e agressivo. Vê Gina ser levada por
quatro guerreiros. Os mais de trinta ou quarenta índios que cercavam o local
acompanham o sequestro até a aldeia que fica a pouco mais de setecentos metros
dali. O grande Chefe decidirá o que fazer.
Gina é
jogada aos pés do líder, que imediatamente ordena que seja preparado o local do
ritual, uma pedra grande e plana onde a moça será esquartejada e jogada no poço
do sacrifício à noite.
Os
índios estão alvoroçados, se pintam e fazem os preparativos. Começam uma dança
macabra ao redor da pedra grande e cada um que passa bate com a lança ou tacape
no corpo de Gina. Não são pancadas fortes, mas machucam.
O Bem,
vendo aquilo acontecer, deduz que, se não tomar uma providência rápida, ela
morrerá antes do tempo, e decide falar com o chefe. Ele sabe que é inatingível
ali e não será atacado. Abre caminho entre os guerreiros e chega ao líder.
- O
que está acontecendo aqui Grande chefe? Essa menina não tem nada a ver com essa
situação.
- Você
não deveria estar aqui depois de ter nos abandonado. O Mal, seu irmão, nos
condenou e desapareceu também. Vá embora, agora. Temos que alimentar o monstro
para que a situação volte ao normal.
-Espere!
Conte-me mais e poderei ajudar.
- Como
vai nos ajudar? Fazemos um ritual desses de sete em sete meses, usando nosso
povo e os estranhos seres que aparecem, agora já não restam mais quase ninguém em
nossa tribo. Temos que caçar outros para realizar a vontade dos deuses e fazer
chover em nossas plantações.
- Isso
está errado, grande Chefe. É uma manobra maligna. O Mal foi enviado para o
inferno pelo anjo. Ele não mais lhe atormentará. Se me esperar, trarei aqui e
agora a solução.
- Está
certo. Vamos confiar mais uma vez. O ritual está suspenso até que você volte.
- O
Bem em pouco tempo trás a Árvore da Vida e diz:
-
Pronto! Esta Senhora resolverá seus problemas, mas antes quero que seu Pajé
cuide das feridas da moça.
- Está bem.
Chamem o curandeiro. Agora! Logo ordena
que a moça seja tratada.
Continua...
Carlos Holanda
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