sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A tribo da montanha V


Depois de caminhar um pouco sobre lajedos, encontra o melhor ponto para dar um bom mergulho e emergir mais próximo da queda da água. Passa as mãos no rosto e no cabelo, sentindo-se abençoada naquele momento, torna a mergulhar e volta à superfície da água; ouve um pedido sonoro de socorro. Olha em volta, não vê ninguém e percebe que o grito abafado vem detrás da cortina de água. Sobe nas pedras escorregadias e se depara com uma sereia acorrentada numa espécie de cacimba formada por pedras como que para impedi-la de sair. Enfim, uma pequena cela aquática.
- Me ajude! Me ajude!
- Por que você está amarrada?
- Se não me libertar, serei a próxima do ritual da tribo.
- Que tribo? Que ritual? Não há ninguém aqui.
- Depressa. Faça alguma coisa. Eles irão voltar.
- Está bem, vou buscar ajuda. Não tenho forças para romper essas correntes.
- Mas vem logo. Eles devem estar a caminho.
- Não se preocupe, volto já.
Gina sai detrás da cachoeira, mergulha novamente e tenta sair para avisar seus amigos do acontecido, mas quando emerge, vê que está cercada por uma tribo indígena da região e antes que tenha qualquer reação é nocauteada com um tacape. O Bem observa o ataque covarde e agressivo. Vê Gina ser levada por quatro guerreiros. Os mais de trinta ou quarenta índios que cercavam o local acompanham o sequestro até a aldeia que fica a pouco mais de setecentos metros dali. O grande Chefe decidirá o que fazer.
Gina é jogada aos pés do líder, que imediatamente ordena que seja preparado o local do ritual, uma pedra grande e plana onde a moça será esquartejada e jogada no poço do sacrifício à noite.
Os índios estão alvoroçados, se pintam e fazem os preparativos. Começam uma dança macabra ao redor da pedra grande e cada um que passa bate com a lança ou tacape no corpo de Gina. Não são pancadas fortes, mas machucam.
O Bem, vendo aquilo acontecer, deduz que, se não tomar uma providência rápida, ela morrerá antes do tempo, e decide falar com o chefe. Ele sabe que é inatingível ali e não será atacado. Abre caminho entre os guerreiros e chega ao líder.
- O que está acontecendo aqui Grande chefe? Essa menina não tem nada a ver com essa situação.
- Você não deveria estar aqui depois de ter nos abandonado. O Mal, seu irmão, nos condenou e desapareceu também. Vá embora, agora. Temos que alimentar o monstro para que a situação volte ao normal.
-Espere! Conte-me mais e poderei ajudar.
- Como vai nos ajudar? Fazemos um ritual desses de sete em sete meses, usando nosso povo e os estranhos seres que aparecem, agora já não restam mais quase ninguém em nossa tribo. Temos que caçar outros para realizar a vontade dos deuses e fazer chover em nossas plantações.
- Isso está errado, grande Chefe. É uma manobra maligna. O Mal foi enviado para o inferno pelo anjo. Ele não mais lhe atormentará. Se me esperar, trarei aqui e agora a solução.
- Está certo. Vamos confiar mais uma vez. O ritual está suspenso até que você volte.
- O Bem em pouco tempo trás a Árvore da Vida e diz:
- Pronto! Esta Senhora resolverá seus problemas, mas antes quero que seu Pajé cuide das feridas da moça.

- Está bem. Chamem o curandeiro. Agora!  Logo ordena que a moça seja tratada.
Continua...

Carlos Holanda

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