Gina é
levada para uma tenda.
- Seu
corpo será fechado, cuidarei de suas feridas, e elas, com essas ervas
cicatrizarão mais rápidas. Inclusive, outras que aparecerão também, pois vou
colocar esse remédio em seu sangue. –
Diz o curandeiro.
- Obrigada!
- Descanse e mais tarde poderá levantar-se.
Enquanto isso...
- O
que você pretende fazer Senhora?
- Vou
restituir suas plantações em uma semana. E começarei agora.
- Ajudem-na
no que for preciso. Cuidem para que se prepare uma festa na aldeia em uma
semana. Ordena o líder.
Gina
que ainda estava atordoada, mas ouvia tudo também, tem um pedido a fazer: -
Libertem a sereia, deixem que ela vá.
E assim
foi atendida.
- Vão!
Libertem a sereia. Ordenou o chefe da tribo.
A
noite choveu muito. Choveu tanto que, os pequenos lagos encheram-se
e transbordaram. Os rios começaram a correr pelas planícies.
Ao
amanhecer, já havia campos verdejantes cobertos pela grama e flores começavam a
surgir. Os animais pastavam enquanto pássaros e borboletas beijavam as flores e
sobrevoavam. A força da natureza em harmonia responde aos melhores impulsos do
homem. Milagres acontecem quando cultivados pela fé. A Senhora Árvore deu vida àquele
vale outrora amaldiçoado e agora abençoado.
Uma
semana se passou e já há frutos verdes em árvores menores e nas hortas
trabalhadas pela aldeia.
É hora
de agradecer essa aliança entre o homem e a natureza e partir. Gina já está
curada e não tem cicatriz nem rancor.
O
Grande líder inicia a cerimônia de agradecimento em festa com o início da
fartura, e exatamente nessa hora que se ouve o choro do primeiro bebê que nasce
naquele dia histórico, gerado há nove luas, é o filho do chefe que é pego nos
braços pelo Bem e que o deseja toda sorte do mundo.
-
Estamos agradecidos pela bonança que nos trouxeram e por nos fazer ver a vida
com outros olhos. Seremos amigos e seguiremos seus passos neste território.
-
Também agradecemos por essa amizade Grande Chefe. - Diz a caçadora.
Gina
por sua vez recebe um presente em nome da tribo. É um anel de prata com algumas
inscrições que a olho nu não dá para ler, mas o Grande Líder sussurra em seu
ouvido, ela sorri, entende e vão embora.
Simbologia do anel
Três
guerreiros, os mais fortes da tribo, por decisão do Chefe acompanham os três
que seguirão até as duas colunas para decifrar os símbolos do anel.
Nessa
viagem, são precisos mantimentos e os guerreiros ficarão encarregados de caçar
para alimentar o grupo. Após uma manhã de caminhada, o sol já pende para mais
de meio dia, é hora de parar para um descanso. Neste momento a floresta é
acolhedora, e a copa das árvores faz sombra. Isso não significa
que não haja perigo iminente. Já agrupado em pequeno acampamento, um dos homens
da tribo avisa que em pouco tempo trará comida. Os outros dois montam vigília
enquanto Gina faz uma fogueira, O Bem e a Senhora sentam-se a esperar.
O
caçador por sua vez, distante dali, já tem um alvo em sua mira. É um porco do
mato. O tiro com arco é certeiro. Então ele volta para preparar, assar e saborear
a carne junto do grupo. Alimentados que estão não há mais porque ficar naquele
local e partem para o seu destino.
É uma
longa caminhada. A noite está chegando. Já não se vê a linha do horizonte.
Novamente, uma parada para passar a noite. Outra fogueira é feita, dessa vez
por um homem da tribo. Distante dali, os sapos, os grilos, uma cigarra talvez,
tentam a sincronia, mas a coruja pia mais próximo. Na selva, quando os animais
e insetos estão à vontade em seu habitat natural, pode ter certeza de que não
ronda o perigo. A tranquilidade naquele momento expõe a beleza de estrelas
cadentes, e dormem.
O grupo
acorda com uma chuva fina; o céu está nublado, mas nem por isso impede que
sigam seu rumo. Agora o desafio é descer por uma ladeira de pedras pontiagudas
e qualquer deslize poderá ser fatal. Superado esse caminho depois de horas de
caminhada o sol aparece tímido entre as nuvens indicando que provavelmente já passa
das 14 horas. Não há uma palavra, apenas o barulho das passadas pisando aqui,
escorregando ali, em fila indiana, mas em frente.
Continua...
Carlos Holanda
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