sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A Árvore da vida IV


- Vamos fazer uma pausa, preciso comer alguma coisa e dar uma olhada no mapa.
- Ali na frente tem uma clareira, onde poderemos ficar um tempo, mas vamos tomar cuidado, aqui, e em todo lugar é perigoso e traiçoeiro.
Enquanto Gina e o Bem se acomodam, uma mulher aproxima-se lentamente.
- Quem vem lá? Indaga Gina, já apontando seu arco e sua flecha.
- Não tema! Sou passageira. Diz.
É uma bela mulher aparentemente nova.
- O que você quer? Mais uma vez pergunta Gina.
- Abaixe sua arma. Só quero te dar uma informação valiosa.
- Eu a conheço, Gina. Afirma o Bem.
- Então quem é?
- Ela te dirá já.
E após se juntar, ela diz:
- Eu sou a Árvore da vida. Lembra? lá no início de sua jornada?
- Como assim?
- Eu estava amaldiçoada pelo Mal, mas o Anjo, ao voltar, quebrou a maldição e me libertou daquele tronco. As sementes que você carrega e o fruto são venenos que você poderá utilizar em suas flechas contra possíveis inimigos, mas ao voltar para casa e passando pela mesma árvore do caminho poderá matar sua fome. Os frutos agora serão doces como o mel e não mais farão mal a ninguém.
- Como poderemos ter certeza de que fala a verdade?
- O Bem sabe que é verdade e bons frutos germinarão daqui pra frente naquela região e em todo o vale.
- Acredite Gina, a Árvore da Vida havia sido aprisionada àquele tronco, assim como eu estava preso no Oráculo através das esferas.
- E qual o rumo que você irá tomar agora? - Pergunta Gina.
- O Anjo nos aconselhou a te seguir até o Portal.
- Isso significa que tenho dois aliados?
- Sim! - Respondem os dois simultaneamente.
- Que bom!
- A solução de todo o bem da humanidade está na mãe natureza. É uma pena que o homem não veja o planeta com esses olhos.
- Sim, é verdade. - Diz o Bem.
- Já está escurecendo, vamos passar a noite aqui e amanhã cedo partiremos. Vocês são imortais, mas eu não. Preciso repousar um pouco, recarregar as energias para ir em frente.
- Eu não durmo. Só preciso que o Vento me deixe quieta. -   Disse a Árvore da Vida.
- Fique à vontade Gina. Farei uma corrente de proteção à nossa volta, um círculo fechado. - Confirma o Bem.
- Sendo assim, sentir-me-ei mais segura.
Os lobos saem à noite. Outros animais noturnos também caçam suas presas, afinal, a cadeia alimentar não para.  E os predadores, assim como os humanos precisam comer. A diferença é que os animais silvestres só matam por extrema necessidade de sobrevivência.
Ao amanhecer, uma cesta de frutas frescas está ao lado de Gina.
- Bom dia! Obrigado por cuidarem de mim.
- Foi uma noite tranquila! Disse o Bem.
- O vento transformou-se em brisa. - Disse a Árvore.
- Estou pronta! Vamos? Convida Gina.
- Lá na frente, próximo da montanha, há uma cachoeira, onde você poderá se lavar. – Avisa o Bem.
- Que maravilha! Vamos apressar o passo. Há cinco dias que não banho.
- Não podemos demorar muito. Existe algo sombrio por lá. Ficarei a cinquenta metros de distância, minhas raízes não suportam água demais. Ah, e tenham cuidado com areia movediça. – Fala a Árvore da vida.

É uma longa caminhada, entre pedregulhos, lamaçal e trilhas bem íngremes. Mas finalmente a cachoeira está mais perto do que o esperado. Ouve-se o barulho da queda d’água. Gina, meticulosa como sempre, não se empolga tanto, quer apenas tomar um bom banho. Põe sua bolsa, a mochila, as facas, o arco e as flechas do lado de uma enorme rocha, fica só de calcinha e sutiã. Antes de entrar na água, observa e aprecia a exuberância exótica daquela paisagem singular, um paraíso no meio do nada.

Continua...

Carlos Holanda 

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