-
Vamos fazer uma pausa, preciso comer alguma coisa e dar uma olhada no mapa.
- Ali
na frente tem uma clareira, onde poderemos ficar um tempo, mas vamos tomar
cuidado, aqui, e em todo lugar é perigoso e traiçoeiro.
Enquanto
Gina e o Bem se acomodam, uma mulher aproxima-se lentamente.
- Quem
vem lá? Indaga Gina, já apontando seu arco e sua flecha.
- Não
tema! Sou passageira. Diz.
É uma
bela mulher aparentemente nova.
- O
que você quer? Mais uma vez pergunta Gina.
-
Abaixe sua arma. Só quero te dar uma informação valiosa.
- Eu a
conheço, Gina. Afirma o Bem.
-
Então quem é?
- Ela
te dirá já.
E após
se juntar, ela diz:
- Eu
sou a Árvore da vida. Lembra? lá no início de sua jornada?
- Como
assim?
- Eu
estava amaldiçoada pelo Mal, mas o Anjo, ao voltar, quebrou a maldição e me
libertou daquele tronco. As sementes que você carrega e o fruto são venenos que
você poderá utilizar em suas flechas contra possíveis inimigos, mas ao voltar
para casa e passando pela mesma árvore do caminho poderá matar sua fome. Os
frutos agora serão doces como o mel e não mais farão mal a ninguém.
- Como
poderemos ter certeza de que fala a verdade?
- O
Bem sabe que é verdade e bons frutos germinarão daqui pra frente naquela região
e em todo o vale.
-
Acredite Gina, a Árvore da Vida havia sido aprisionada àquele tronco, assim
como eu estava preso no Oráculo através das esferas.
- E
qual o rumo que você irá tomar agora? - Pergunta Gina.
- O
Anjo nos aconselhou a te seguir até o Portal.
- Isso
significa que tenho dois aliados?
- Sim!
- Respondem os dois simultaneamente.
- Que
bom!
- A
solução de todo o bem da humanidade está na mãe natureza. É uma pena que o
homem não veja o planeta com esses olhos.
- Sim,
é verdade. - Diz o Bem.
- Já
está escurecendo, vamos passar a noite aqui e amanhã cedo partiremos. Vocês são
imortais, mas eu não. Preciso repousar um pouco, recarregar as energias para ir
em frente.
- Eu
não durmo. Só preciso que o Vento me deixe quieta. - Disse a Árvore da Vida.
-
Fique à vontade Gina. Farei uma corrente de proteção à nossa volta, um círculo
fechado. - Confirma o Bem.
-
Sendo assim, sentir-me-ei mais segura.
Os
lobos saem à noite. Outros animais noturnos também caçam suas presas, afinal, a
cadeia alimentar não para. E os
predadores, assim como os humanos precisam comer. A diferença é que os animais
silvestres só matam por extrema necessidade de sobrevivência.
Ao
amanhecer, uma cesta de frutas frescas está ao lado de Gina.
- Bom
dia! Obrigado por cuidarem de mim.
- Foi
uma noite tranquila! Disse o Bem.
- O
vento transformou-se em brisa. - Disse a Árvore.
-
Estou pronta! Vamos? Convida Gina.
- Lá
na frente, próximo da montanha, há uma cachoeira, onde você poderá se lavar. –
Avisa o Bem.
- Que
maravilha! Vamos apressar o passo. Há cinco dias que não banho.
- Não
podemos demorar muito. Existe algo sombrio por lá. Ficarei a cinquenta metros
de distância, minhas raízes não suportam água demais. Ah, e tenham cuidado com
areia movediça. – Fala a Árvore da vida.
É uma longa
caminhada, entre pedregulhos, lamaçal e trilhas bem íngremes. Mas finalmente a
cachoeira está mais perto do que o esperado. Ouve-se o barulho da queda d’água.
Gina, meticulosa como sempre, não se empolga tanto, quer apenas tomar um bom
banho. Põe sua bolsa, a mochila, as facas, o arco e as flechas do lado de uma
enorme rocha, fica só de calcinha e sutiã. Antes de entrar na água, observa e
aprecia a exuberância exótica daquela paisagem singular, um paraíso no meio do
nada.
Continua...
Carlos Holanda
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