De
manhã muito cedo, Gina despede-se da sua família para começar uma jornada com
tempo indefinido para voltar. Segue orientada pelo mapa do livro. São caminhos
a seguir em busca de respostas para sua vida. Atravessa a caatinga da região
com o sol a pino. Depois de muito caminhar, e bem distante de casa, atravessa
um cemitério de ossos, um lugar sombrio, são caveiras e esqueletos espalhados
de animais pré-históricos, em dado momento vai descansar à sombra de uma
árvore frondosa, bem próxima aos
rochedos, outras árvores menores, compõem o cenário nebuloso e desconhecido.
Está tranquila, acomodando-se ao cair da tarde. Nenhuma folha se mexe. Silêncio
absoluto. Encosta a cabeça no tronco, fecha os olhos e... a terra treme, um
barulho, estalar de galhos quebrando na densa floresta. Avista ainda longe uma
figura enfurecida que galopa em sua direção. Forma-se, pouco a pouco um
rinoceronte gigante que solta fumaça pelas narinas. E ela pensa que, a única
maneira de se proteger é subir na árvore, camuflar-se e tentar sobreviver. Os
cipós que descem até o chão servem como cordas para subir. Não há como uma
pessoa normal enfrentar em terra firme um animal daquele porte, até porque suas
armas, a faca e o arco não o atingiriam. Melhor seria ponderar, ter paciência e
esperar. Usar da astúcia e vencer pelo cansaço.
Gina
pensa: Tenho que vencer meus medos. Definitivamente, isso não existe. Preciso
distinguir o que é real.
Por um
instante, enquanto ela subia, o animal some de sua vista. Aliviada ela diz para
si mesma: Eu sabia! Era só minha imaginação. Nós dois estamos cansados. Vou
usar sua força contra você mesmo. Mas, o animal apenas mudou de posição,
arrodeando o tronco que tem um diâmetro de quase cinco metros. Agora ele
investe contra a árvore, chifrando-a com muita força, várias vezes. Enfurecido,
parecendo um touro bravo em uma arena, cisca o chão com os cascos, dá alguns
passos atrás, para e movimenta-se novamente com toda força para atingir seu
alvo. Depois de muitas tentativas, olha para um lado e outro e volta a atacar.
A árvore gigante parecia ignorar os ataques ao seu tronco, mas o rinoceronte a
chifra novamente de tal forma que estremece tudo, são golpes com desfechos
mortais. E eis que numa dessas tentativas, o incrível acontece, uma chuva de
frutos mais parecidos com melões desabam sobre a cabeça do monstro e escorrem
sobre seus olhos, deixando-o cego. Outros frutos que lhe atingem a cabeça,
esbagaçam-se e escorrem até a boca, e envenenam-no. O corpo do gigante cambaleia,
as pernas encouraçadas e fortes fraquejam, zonzo pelo efeito venenoso do fruto,
tomba e algum tempo depois ouve os últimos suspiros e um gemido assustador de
morte.
Gina
cautelosamente entende tudo e desce da árvore. Ela como ninguém, sabe que a
natureza é sábia e tem suas defesas.
Há
males que vem para o bem – pensa – eu iria experimentar desses frutos. Bem, não custa nada levar um punhado dessas
sementes e um fruto de vez para quem sabe, utilizar mais tarde, quando
amadurecer. Gina sabe que ali estará segura aquela noite. Decide ficar e partir
ao amanhecer.
A
noite passa rápida. Talvez pelo cansaço, tenha dormido bem, apesar do susto. Ela
nunca tinha visto um animal daquele tamanho e tampouco teria noção do que seria
aquele monstro peculiar da Ásia e da África e mesmo em seu habitat natural, sejam de grandes proporções, seriam bem
menores comparados a esse mamífero pré-histórico.
Os pássaros
anunciam um novo dia. É hora de ir. Olha o mapa e segue em frente, sabendo que
haverá outros perigos para enfrentar. Esse é um território inóspito, desconhecido,
mas a partir do momento que Gina decidiu desvendar seus mistérios, continuará
sua busca, afinal trata-se de sua vida, de seu destino.
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