sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Gina - O Rinoceronte II


De manhã muito cedo, Gina despede-se da sua família para começar uma jornada com tempo indefinido para voltar. Segue orientada pelo mapa do livro. São caminhos a seguir em busca de respostas para sua vida. Atravessa a caatinga da região com o sol a pino. Depois de muito caminhar, e bem distante de casa, atravessa um cemitério de ossos, um lugar sombrio, são caveiras e esqueletos espalhados de animais pré-históricos, em dado momento vai descansar à sombra de uma árvore  frondosa, bem próxima aos rochedos, outras árvores menores, compõem o cenário nebuloso e desconhecido. Está tranquila, acomodando-se ao cair da tarde. Nenhuma folha se mexe. Silêncio absoluto. Encosta a cabeça no tronco, fecha os olhos e... a terra treme, um barulho, estalar de galhos quebrando na densa floresta. Avista ainda longe uma figura enfurecida que galopa em sua direção. Forma-se, pouco a pouco um rinoceronte gigante que solta fumaça pelas narinas. E ela pensa que, a única maneira de se proteger é subir na árvore, camuflar-se e tentar sobreviver. Os cipós que descem até o chão servem como cordas para subir. Não há como uma pessoa normal enfrentar em terra firme um animal daquele porte, até porque suas armas, a faca e o arco não o atingiriam. Melhor seria ponderar, ter paciência e esperar. Usar da astúcia e vencer pelo cansaço.
Gina pensa: Tenho que vencer meus medos. Definitivamente, isso não existe. Preciso distinguir o que é real.
Por um instante, enquanto ela subia, o animal some de sua vista. Aliviada ela diz para si mesma: Eu sabia! Era só minha imaginação. Nós dois estamos cansados. Vou usar sua força contra você mesmo. Mas, o animal apenas mudou de posição, arrodeando o tronco que tem um diâmetro de quase cinco metros. Agora ele investe contra a árvore, chifrando-a com muita força, várias vezes. Enfurecido, parecendo um touro bravo em uma arena, cisca o chão com os cascos, dá alguns passos atrás, para e movimenta-se novamente com toda força para atingir seu alvo. Depois de muitas tentativas, olha para um lado e outro e volta a atacar. A árvore gigante parecia ignorar os ataques ao seu tronco, mas o rinoceronte a chifra novamente de tal forma que estremece tudo, são golpes com desfechos mortais. E eis que numa dessas tentativas, o incrível acontece, uma chuva de frutos mais parecidos com melões desabam sobre a cabeça do monstro e escorrem sobre seus olhos, deixando-o cego. Outros frutos que lhe atingem a cabeça, esbagaçam-se e escorrem até a boca, e envenenam-no. O corpo do gigante cambaleia, as pernas encouraçadas e fortes fraquejam, zonzo pelo efeito venenoso do fruto, tomba e algum tempo depois ouve os últimos suspiros e um gemido assustador de morte.
Gina cautelosamente entende tudo e desce da árvore. Ela como ninguém, sabe que a natureza é sábia e tem suas defesas.
Há males que vem para o bem – pensa – eu iria experimentar desses frutos.  Bem, não custa nada levar um punhado dessas sementes e um fruto de vez para quem sabe, utilizar mais tarde, quando amadurecer. Gina sabe que ali estará segura aquela noite. Decide ficar e partir ao amanhecer.
A noite passa rápida. Talvez pelo cansaço, tenha dormido bem, apesar do susto. Ela nunca tinha visto um animal daquele tamanho e tampouco teria noção do que seria aquele monstro peculiar da Ásia e da África e mesmo em seu habitat natural,  sejam de grandes proporções, seriam bem menores comparados a esse mamífero pré-histórico.

Os pássaros anunciam um novo dia. É hora de ir. Olha o mapa e segue em frente, sabendo que haverá outros perigos para enfrentar. Esse é um território inóspito, desconhecido, mas a partir do momento que Gina decidiu desvendar seus mistérios, continuará sua busca, afinal trata-se de sua vida, de seu destino. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário