O litoral do Piauí apesar de contar com apenas sessenta e seis quilômetros de praia é maravilhoso. As areias branquinhas são bem convidativas. O mar de águas claras e calmas, diferente da praia da Pedra do sal, que é mais agressiva, onde as ondas quebram nas pedras e arrastam um turbilhão de areia sob nossos pés, também é uma delícia.
Manhã de sol, belo domingo em atalaia. Chegamos cedo, primeiro pra pegar vento nos peitos e apreciar a paisagem desenhada por Deus, segundo pra escolher um lugar mais tranquilo e degustar um peixe e outros frutos do mar. Tomar uma água de coco e mais tarde ir de encontro ao mar, banhar com aquele sal grosso pra tirar a “inhaca”... essa é a vida que todo mundo pede ao Criador: sol, sombra e água fresca.
Bom, mas inventei de sobrevoar (tinha um cara lá com uma aeronave leve, monomotor, de aluguel pra turista) e perguntei ao piloto quanto custava fazer isso. Ele respondeu e perguntou pra mim: – Você quer com emoção ou sem emoção? Desse jeito mesmo. Disse-lhe: – pois me explique melhor como é isso. Ele tranquilamente, disse-me que sem emoção faria sobrevoos, daria alguns rasantes e voaria em círculo. Até aí tudo bem, mas, e com emoção?
– É a mesma coisa, com a diferença de que por duas vezes a gente sobe em linha reta, faz uma manobra radical para baixo, desliga o motor e desce em parafuso, em seguida liga o motor, dá um rasante e pousa. É tudo uma fração de segundos. Perguntei-lhe se estava seguro disso e ele sem pestanejar confirmou o seu profissionalismo há muitos anos de fazer manobras radicais assim todo dia. Arrisquei e fui.
Confesso que a adrenalina foi ficar no pé do gogó, do pescoço! Engoli em seco. Senti aquela sensação na boca do estômago... confiei nele, afinal, pensei: se morrer, somos nós dois e morrer na praia, voando, não é pra todo mundo. Então vamos lá.
A vida é feita de escolhas, e a gente tem que tentar sempre fazer alguma coisa diferente.
Eu achei o máximo! Fui uma segunda vez, mas, jamais faria a terceira naquele dia.
Tem coisa que, se não é você quem controla, e não sabe o risco que está correndo, então não é bom brincar com a sorte.
Carlos Holanda
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