Um retângulo preto com um pequeno círculo vermelho um pouco acima do meio do lado e mais à esquerda é o que todos vemos obviamente. Mas o que é isso? Não tem sequer um vulto, uma silhueta, nada. Apenas duas cores nessa composição sem profundidade ou perspectiva. Também não tem textura e nem marcas de pincel.
É uma tela pintada à óleo, um abstrato, que desafia a sua curiosidade em decifrar o que o artista quer transmitir, e é por isso que muitas vezes as pessoas ficam horas a fio com a mente aguçada imaginando coisas sobre determinadas obras.
De beleza plástica singular, com esse fundo preto e apenas um pingo de tinta vermelha a obra está pronta, concluída, esperando por uma resposta sua como quem diz: leia-me. Decifre-me. Eu sou um enigma. Mas você como a maioria dos mortais pensaria: Eu, sinceramente, não colocaria essa coisa na minha parede. Isso é obra para museu.
Pois é, quem iria imaginar que o artista quer mostrar um personagem do folclore brasileiro, que também ninguém vê mas faz parte do imaginário? – Leitura: É um Saci Pererê que sai altas horas na escuridão da noite dando umas pitadas em seu cachimbo? Vendo de longe, poderia também ser um Preto Velho fumando charuto no meio da escuridão.
Mas alguém disse – Não vejo nada nessa obra, a não ser esse fundo preto e um minúsculo círculo vermelho, que não significa nada.
Nem todos os olhos estão treinados para observar a arte que os desafia a desvendá-la.
Carlos Holanda
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