sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A NATUREZA REAGE

De tarde, um caçador faz laços, armadilhas com cordas. Deixa tudo armado e vai embora. No dia seguinte, vai conferir para ver se conseguiu pegar algum animal. Não encontrando nada, espalha mais armadilhas pelo matagal.

                                                     Foto reprodução Google imagens

Existe em seu interior a ânsia e a ganância de prender os bichos, não por necessidades de comer, mas, para vender e lucrar com as peles. Fabricantes de bolsas, cintos e sapatos, pagam bem.

Certa vez, cansado de esperar, decidiu pegar sua cartucheira, seu rifle e se embrenhar na mata. Queria provar para si mesmo que conseguiria caçar os maiores animais com peles mais valiosas. Saiu  à boquinha da noite. Encontrou uma árvore frondosa, subiu até a copa e armou sua rede. Pôs-se a esperar. Chegou a cochilar, e dando-se conta disso, pegou o cantil, tomou uns goles de água e lavou o rosto com a sobra, para manter-se acordado.

Já passara da meia noite. O caçador remexendo-se na rede e por um descuido deixa cair o rifle. Logo se desequilibra e cai, deslizando pelos galhos, tentando se agarrar, pois sabe que ali, é um terreno perigoso. No chão, e sem encontrar sua arma, percebe que a lua recorta silhuetas da floresta e outras criaturas sinistras. A lanterna também ficou nas alturas. Barulho de folhas secas carregadas pelo vento fazia-lhe gelar a espinha. Tinha certeza que não estaria só naquele confim de mundo. A lua clareou um pouco e logo o caçador viu o brilho hostil, presas aguçadas que lhes rodeavam. Eram animais selvagens e famintos a espreita de seu predador.

Desesperado, desarmado, sem rumo, começou a correr. Tropeça e cai.  Levanta-se e é surpreendido por uma de suas armadilhas, que o laça por uma de suas pernas, deixando-o pendurado a um metro do chão.

O homem é devorado pelas onças. Não tinha por quem chamar e não havia maneiras de salvá-lo.

Um novo dia ensolarado encontra-o coberto por urubus, formigas e moscas. Ou melhor, o que sobrou dele.

São as leis da natureza reagindo, corrigindo os erros humanos.


O mal, por si só se destrói. 

Carlos Holanda

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