De tarde, um caçador faz laços, armadilhas com cordas. Deixa
tudo armado e vai embora. No dia seguinte, vai conferir para ver se conseguiu
pegar algum animal. Não encontrando nada, espalha mais armadilhas pelo matagal.
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Existe em seu interior a ânsia e a ganância de prender os
bichos, não por necessidades de comer, mas, para vender e lucrar com as peles.
Fabricantes de bolsas, cintos e sapatos, pagam bem.
Certa vez, cansado de esperar, decidiu pegar sua
cartucheira, seu rifle e se embrenhar na mata. Queria provar para si mesmo que
conseguiria caçar os maiores animais com peles mais valiosas. Saiu à boquinha da noite. Encontrou uma árvore
frondosa, subiu até a copa e armou sua rede. Pôs-se a esperar. Chegou a
cochilar, e dando-se conta disso, pegou o cantil, tomou uns goles de água e lavou
o rosto com a sobra, para manter-se acordado.
Já passara da meia noite. O caçador remexendo-se na rede e
por um descuido deixa cair o rifle. Logo se desequilibra e cai, deslizando
pelos galhos, tentando se agarrar, pois sabe que ali, é um terreno perigoso. No
chão, e sem encontrar sua arma, percebe que a lua recorta silhuetas da floresta
e outras criaturas sinistras. A lanterna também ficou nas alturas. Barulho de
folhas secas carregadas pelo vento fazia-lhe gelar a espinha. Tinha certeza que
não estaria só naquele confim de mundo. A lua clareou um pouco e logo o caçador
viu o brilho hostil, presas aguçadas que lhes rodeavam. Eram animais selvagens
e famintos a espreita de seu predador.
Desesperado, desarmado, sem rumo, começou a correr. Tropeça
e cai. Levanta-se e é surpreendido por
uma de suas armadilhas, que o laça por uma de suas pernas, deixando-o pendurado
a um metro do chão.
O homem é devorado pelas onças. Não tinha por quem chamar e
não havia maneiras de salvá-lo.
Um novo dia ensolarado encontra-o coberto por urubus,
formigas e moscas. Ou melhor, o que sobrou dele.
São as leis da natureza reagindo, corrigindo os erros
humanos.
O mal, por si só se destrói.
Carlos Holanda