quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

QUEBREI MEUS OVOS



Quebrei meus ovos

Tem coisa que a gente pensa que só acontece com os outros e outras que a gente só vê naquelas comédias pastelão.

Nós temos o péssimo hábito - ou o bom humor - de rir da miséria alheia. Quer um exemplo? Se alguém tropeça e cai, ou como costumamos dizer por essas bandas, fulano levou uma topada e largou o rabo no chão. Vendo a cena, a gargalhada é geral. E agora, com a alienação do celular, ao invés de sermos solidários, filmamos, fazemos fotos, selfies e postamos nas redes sociais, como se tivéssemos o direito de expor a imagem alheia; nós, literalmente.

Pois bem, aconteceu comigo. Há algum tempo, comprei um par de barbeadores, um isqueiro e uma cartela de ovos num mercadinho perto de casa. Nem pedi sacola. Eles amarram com aquele barbante sintético e dão um laço pra finalizar. Quando saí, escorreguei na calçada, o laço desatou e voo ovo pra todo lugar, pensei até que os pintos já nasceram voando. Tinha mais ovo no chão de que na testa daquele político. Muita gente riu de mim, até eu. Fiquei meio sem jeito, mas voltei e comprei outra cartela de ovos, e dessa vez, tive o cuidado até entrar no carro. Percebi também os olhares me seguindo novamente.

Naquela época ainda não se ouvia falar em rede social por aqui. Se fosse hoje, teria viralizado. É, todo mundo paga mico.


Carlos Holanda

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