quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
O CIRCO
Em Pedro II, uma vez ou outra chegava um circo. Eu morava no Bairro Cruzeiro e lá havia um espaço enorme, com um cruzeiro de madeira e um tanque redondo de cimento. Foi onde armaram o “Gran Circo América”, que de grande mesmo só tinha as lonas. Atrativos, só as dançarinas, os palhaços, o mágico, os trapezistas, os malabaristas e os motoqueiros do globo de ouro.
Bem, o fato é que eu tinha uns 12 anos, e nesse dia “varei” (entrei escondido) e me acomodei na arquibancada, bem na frente do picadeiro, pra ver de perto o espetáculo. Lá para as tantas, o homem da cartola, o famoso apresentador, chama cinco pessoas pra cantar qualquer música e anuncia que o mais aplaudido ganharia um prêmio. Ora, eu só sabia cantar uma música do Luiz Gonzaga (Cigarro de palha); já tinha quatro no palco, e eu levantei a mão e fui. Só euzin aqui era criança entre os cinco, loirinho dos olhos verdes, bonitinho. E pois não é que fui o mais aplaudido com a música do Gonzaga. E adivinha o que era o prêmio? Uma lata de talco Cachmire Bouquet e dois sabonetes. Acho que acharam o loirinho bonitinho, no meio dos adultos.
Se soubessem que eu tinha entrado escondido, jamais eu tomaria banho com esse sabonete.
Escapei fedendo, mas ganhei. E pensar que essas coisas só acontecem em filmes. Rsrsrs
Carlos Holanda
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