O Corvo Contra-ataca – 2 –
continuação
–– Prefeito! É uma honra recebê-lo!
– cumprimenta Jônatas sorridente.
–– A honra é minha! Você com
certeza ajudará nossa administração criando muitos empregos para essa
população!
–– Claro! Claro! O Senhor é
um homem de visão política que sabe calar seus adversários!
–– Diga-me, quantos empregos
diretos seu grupo empresarial vai gerar em pouco tempo! – indaga curioso o
prefeito.
–– Bom, pelo menos 500, com
terraplanagem, pesquisas, construção e mão de obra especializada. Depois, na
continuação, mais mil na construção civil. Mas vamos depender muito do Senhor.
–– E em que posso ajudar
nesse empreendimento tão grandioso?
–– Comece desapropriando
essa pobreza que está atrasada com IPTU e colaborando com nossos advogados
quando forem procurar a prefeitura para resolver os casos provenientes dessas
ações. Ou seja, basta colaborar com tudo e fechar os olhos para o que vamos
fazer! Construa um conjunto habitacional para esse povo. Coloco minha
construtora a sua disposição, ganho a licitação e fica tudo bem. É assim que
uma mão lava a outra. Entendeu?
–– Mas Jônatas, esse povo são
meus eleitores! Esse é o povo que vota em mim!
–– Prefeito, preste atenção,
nós somos o futuro dessa cidade, desse estado, dessa nação e sem os ricos você
não se elege a nada. Nem a fiscal de quarteirão!
–– O povo é quem decide! O
povo é soberano!
–– Porra nenhuma, prefeito!
Quem decide o poder são os poderosos!
–– Jônatas, você desrespeita
a soberania, a democracia!
–– Prefeito, não há nada que
o dinheiro não compre! Há?
–– Bem, eu quero ser
deputado e depois governador, ou senador. Isso está em seus planos?
–– Vamos começar com um
apartamento na cobertura! Escolha em qual torre você quer, por favor! Não
precisa me dar um nome agora para passar a escritura. Depois, você facilita
tudo, e eu banco sua campanha num caixa 2. Concorda?
–– Preciso abrir uma conta
fora do país urgente!
–– Pois faça isso e diga-me
quanto custa cada vereador para que eu possa depositar o dinheiro!
–– Você não entende de
política! Preciso primeiro do apoio de deputados! De uma base sólida! Fazer
conchavos e isso não é sua especialidade!
–– Não! Não é! Sou
capitalista! Pois diga seu preço!
–– Preciso de uma semana ou
pouco mais de quinze dias para formar uma bancada de cima para baixo e não o
contrário.
–– Você tem dez dias! E será
um excelente governador!
–– Começou a falar minha
língua!
–– Não sou poliglota, mas
falo alguns idiomas! Dez dias prefeito! Dez dias! Faça acontecer!
–– Quero lojas no shopping e
participação no Cassino Riviera. Passo a lista depois! Fechado?
–– Fechado! Mas sem
participação no Cassino!
–– Por quê?
–– Por que primeiro quero ver
sua boa vontade no investimento!
–– Ok! No que depender de mim,
liberarei o que for necessário! Alvarás e documentos pertinentes!
–– Excelente! Fique à
vontade para um drink!
–– Claro! Obrigado!
–– Prefeito, se o senhor não
se importar, irei atender ao governador que está ali com a comitiva de
deputados!
–– Fique à vontade Jônatas!
Eu já estou de saída!
–– Não! Não! Fique mais um
pouco! Você é importante e tenho muita estima pelo senhor!
–– Está bem! – o prefeito
vira-se para um assessor e diz – esse é o homem mais maquiavélico que eu conheço,
te abraça como uma serpente, te beija e diz que te ama. Mas te suga até a
última gota.
(...)
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