sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Criaturas



Criaturas

         Um tiro de rifle ecoa na floresta densa. Os pássaros assustados com o barulho voam para longe. Botas de couro indicam que, pelo tamanho das pegadas do indivíduo, é um homem grande que caminha para apanhar sua presa – um veado - a aproximadamente cinquenta metros de onde ele estava.

Há lugares desconhecidos em que não se deve caçar, mesmo assim, o ser humano tem o péssimo hábito de não respeitar limites, de invadir até mesmo a privacidade da natureza. Pouco tempo depois de colocar o animal sobre os ombros, o homem rasga o silêncio e solta um grito doloroso de horror e em seguida ouve-se o baque do corpo que tomba sem vida.

         O celular toca três vezes no bolso do caçador e desliga. Não há ninguém para atender...

         A noite chega e com ela a névoa encobre a paisagem florestal. A escuridão é total. Em algum ponto distante se percebe os olhos amarelos da coruja cinza, que agasalha seus filhotes sob as asas no oco do tronco da árvore. Os sapos saltitam de um lado para outro, por instinto eles sabem que logo irá chover. Animais silvestres de pequeno porte também correm à procura de locas, esconderijos que os protejam. Até as cobras e outros répteis tem medo de enxurradas. E sem mais nem menos, o céu desaba com raios, trovões e chuva torrencial. Além dos trovões, uivos horripilantes que provavelmente não seja natural desse habitat.

         A noite e a natureza guardam seus mistérios.

Continua

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