terça-feira, 31 de julho de 2018

Ilustrações com nankin e esferográfica do artista Carlos Holanda



                                                                              Castro Alves

                                                                    Vinícios de Moraes

                                                                  Santos Dumont

                                                                     Silvio Santos

                                                                   Luis Inácio Lula da Silva

                                                                            Clodovil

                                                                       Fernando Pessoa

                                                                      José de Alencar

                                                                                 Olavo Bilac

Rui Barbosa4


                                                                        Gonçalves Dias

                                                                 Machado de Assis

                                                                        Maurício de Sousa

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Herança Maldita - Parte VIII


Herança Maldita - Parte VIII
Por Carlos Holanda


– Boa tarde amigos! – cumprimenta o delegado. Vejo que a festança aqui irá entrar pela noite.
– Porra Mauro! Você precisava ligar essa porcaria de sirene? Você sabe que a Júlia anda com os nervos a flor da pele.
– Calma Gerônimo. Você está me vendo fardado? Isso não é missão oficial. Só o carro que é da polícia. Estou queimando a gasolina da prefeitura. Nesse momento é o seu amigo quem está aqui.
– Assim é melhor – diz Júlia mais aliviada.
– Então pega uma cadeira e sente-se conosco – convida Gerônimo.
– Não irei me demorar. Vim parabenizar a Júlia por estar livre de tudo. Vocês souberam escolher uma boa advogada. A papelada e o vídeo são bem contundentes. Os federais tomarão conta do caso daqui para frente.
– Está bem. Vamos comer e beber. Deixar esse assunto para outra ocasião – diz Gerônimo.
– Claro! Falei para minha mulher da sua inocência Júlia. Ela ficou muito feliz.
– Obrigada, delegado. Mas como disse o Gerônimo, vamos encerrar por hoje esse assunto. Deixar para outra oportunidade.
– Está bem.
        Gerônimo entra na casa, pega duas cervejas e entrega uma para o delegado - amigo de longas datas - e outra para o cunhado. O churrasqueiro improvisado trás carnes para a mesa.
Um sedan prata estaciona ao lado da viatura policial. É Karina que vem dar o ar da sua graça e abrilhantar a festa. Gerônimo não se contém, apressa o passo para abrir a porta do carro e mostrar seu lado cavalheiro.
– Olá doutora. Demorou, hem?
– Tive que passar em casa para deixar a ração da minha gata.
– Ah, você tem uma gatinha?
– Tenho. E ela é muito fofa. Vejo que o negócio aqui está animado, não é mesmo?
– Pois é. Graças a você, a Júlia está muito contente.
– Imagina! Só fiz meu trabalho.
– Vamos entrar para beber alguma coisa.
– Vamos. Você convidou o delegado?
– Não. Ele é meu amigo de infância e resolveu aparecer.
– Entendi.
– Essa é a doutora Karina, Xavier. Nossa advogada de defesa.
– Bonita, ela.
– Bonita e competente. Espere só um instante.
– Fica à vontade, amor.
– Oi doutora. Pensei que você nem viesse mais. Já está quase de noite.
– Tive que passar lá em casa. Mas está tudo bem, não é?
– Claro. Só tenho a agradecer. Você foi muito ágil.
– Não gosto de perder tempo. Naquela mesma noite falei com o juiz e no dia seguinte, quando o Gerônimo me ligou eu já estava com a documentação pronta. Só levei alguns minutos para redigir o habeas corpus.
– Doutora Karina, a advogada de grandes causas.
– Como vai você delegado? Prepare-se para receber os federais.
– Tranquilo. Pode deixar. Certamente que eles me deixarão acompanhar o desenrolar dos fatos, mesmo que não seja oficial.
– É. Pode ser. Com licença. Preciso conversar em particular com Gerônimo e Júlia.
– Tudo bem, doutora.
– Vou ver aqui se tenho condições de pagar os honorários dela, Mauro – diz Gerônimo e sorri.
– Oh, rapaz! O que é isso? Assim você me deixa encabulada.
Júlia é mais discreta, suportou todo tipo de pressão e não perdeu a postura enquanto Gerônimo está mais entusiasmado e demonstra sentimentos.
– Atenção! Todas as viaturas. Acidente grave com vítimas fatais na rodovia 346. Dirijam-se para lá, por favor. Na escuta? – diz o rádio do carro da polícia.
– Na escuta. Aqui é o delegado Mauro. Estou a caminho. Câmbio!
       Nesse exato momento Xavier recebe uma ligação telefônica de sua mãe informando-o que seu pai está passando mal. Ele avisa à sua noiva, tranquiliza a todos que mais tarde dará notícias e sai da festa.
– Gerônimo, Júlia, doutora Karina, vou ter que me ausentar da festa. Está tudo muito bom, mas, houve um acidente lá no entroncamento com vítimas fatais. Tenho que ir lá.
– Que pena! Acidentes acontecem delegado. Boa sorte!
– Gente, até mais – diz o delegado que sai às pressas.
       Um dos homens entra na sala e diz:
– Patrão, sabe quem veio aqui? O Gamelão.
– Quem diabos é Gamelão, Chico?
– O Bafo de Bode.
– Piorou. Não conheço ninguém com esses nomes estranhos.
– Ah, é o Zé da onça, não é Senhor Chico?
– É esse mesmo. Olha aí viu? A Dona Júlia o conhece.
– Quem é esse, Júlia? Eu não me lembro dessa figura.
– É um caçador beberrão. Passa a maior parte do tempo encharcado na cachaça. Quando não está bebendo, está no meio do mato com uma espingarda. Já dei alguma ajuda para ele nas poucas vezes que veio aqui.
– Chico, e o que ele queria, era ajuda?
– Não Senhor. Ele disse que queria mesmo era lhe contar uma história, um segredo. Sei lá, parece que já tinha bebido umas. Disse ele que vem amanhã. Passou mais de uma hora sentado lhe esperando.
– Está bem. Estarei aqui amanhã.
– Olhe, tem muita carne assada. Acho que só vocês não vão dar conta não.
– Beleza Chico. É já nós iremos lá para fora.
– Tem um abacaxi e umas cebolas que já devem estar no ponto. Vamos experimentar Doutora Karina.
– Vamos sim.
– Antes de saírem da sala, Gerônimo entra no quarto e quando volta, trás consigo um envelope amarelo e entrega para Karina.
– Olha aqui Doutora, os outros cinquenta por cento dos seus honorários como combinamos.
– Obrigada. Você nem precisava ter pressa. Eu ia lhe dar o número da conta para depositar.
– Eu sei que faria isso. Mas passei no banco e já saquei o dinheiro.
– Então vou acompanhar a Júlia e tomar uma taça desse vinho.
– É uma delícia! Vou encher a cara.
– Não se afobe maninha. Sabe Karina? Ela nem é de beber. Essa é a primeira vez em toda sua vida que prova bebida alcóolica.
– Tudo tem uma primeira vez. Hoje é um dia especial.
– Doutora, vamos sentar ali fora. Quero lhe pedir opiniões sobre um assunto. E dessa vez, se for o caso, sou eu quem vai lhe contratar.
– Opa! Agora foi que me interessei pelas histórias. Não é coisa complicada não, é?

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Herança Maldita - Parte VII

Herança Maldita - Parte VII
Por Carlos Holanda



– Sim, claro. Já estive com o juiz. Eu o peguei numa veia boa. Em no máximo quarenta e cinco minutos levarei um habeas corpus e outros documentos para a delegacia. Vá para lá também.
– Certo. Estou saindo agora mesmo.
Pouco tempo depois Karina chega à delegacia.
– Bom dia delegado! Por favor, solte minha cliente agora. Ela é inocente. Aqui está o habeas corpus.
– Calma doutora. Que pressa é essa? Ela irá responder por seus crimes.
– Ela não cometeu nenhum crime. Venho agora do tribunal. Veja você mesmo, essa é a cópia do filme que a inocenta e outra coisa, aí estão os documentos assinados pelo juiz que retira o caso da sua jurisdição, manda o perito Diego para casa e encerra aqui toda essa parafernália. O caso agora está em outra esfera e amanhã mesmo chegarão agentes federais.
       Depois de ver o filme, examinar os documentos e com
cluir que Karina tem razão, o delegado fecha a cara e manda liberar a moça.
– Pronto, Júlia, você está livre de uma vez por todas. Seja feliz – diz o delegado
– Eu já estava cansada desse negócio de esteja presa, esteja solta. Parabéns doutora Karina, pela sua eficiência.
– Obrigada.
Gerônimo chega atrasado e pergunta
– O que eu perdi aqui? Foi tudo muito rápido. Tudo bem delegado?
– Tudo. Depois falo contigo.
– Vamos embora irmão. Estou livre.
– Que beleza! Vamos. Doutora Karina, você vem com a gente?
– Ainda não. Vou só oficializar as coisas aqui. Mais tarde irei a sua casa. E já podem comemorar, viu?
– Não. Vamos esperar por você – responde Gerônimo.
– Está bem. Passo por lá a tarde.
Já do lado de fora da delegacia, Júlia muito satisfeita com os resultados do processo, elogia Karina.
– Eu não disse Gerônimo, que a mulher tem bagagem?
– Eu observo isso o tempo todo.
– Safado! Só leva para o lado da maldade.
– Estou falando sério.
– Eu vou lhe dizer uma coisa, passe em qualquer lugar desses aí e compre um bom vinho. Hoje vou beber uma garrafa sozinha.
– Mas você nem bebe.
– Tenho vinte e cinco anos e nunca bebi álcool em minha vida, mas hoje é especial.
– Você é quem manda. Eu vou tomar cerveja.
– E para Karina, vai levar o que?
– Nem sei o que ela bebe ou se bebe alguma coisa.
– Então leve champanhe e dá uma de romântico
– Está certa.  Darei umas flores também com a desculpa de que é por conta dessa vitória.
– Bem pensado. Mas ela não tem namorado?
– Tem nada. Foi algo que perguntei assim que a conheci.
– Então irmão, investe que tem futuro.
       Em casa, Gerônimo propõe fazer um churrasco e chama os dois homens que trabalham para ele para participarem. Um acende o fogo, o outro prepara os espetos.
– Vamos assar uma carninha, eu trouxe uma picanha, calabresas e frango.
– Sim. Até que enfim irei dormir com a consciência mais tranquila.
– A Karina deve estar chegando por aqui.
– Não fique tão ansioso. Tudo acontece no tempo certo, até o amor. Posso ligar para o Xavier?
– Claro. Eu fui rude com ele. Deixei seu namorado assustado. Vamos celebrar sua vitória e falar nos preparativos do seu casamento.
Júlia entra na casa, pega o celular e faz a ligação convidando o namorado para lhes dar a boa noticia e comemorar.
– Vem logo, amor, a carne já está chiando no fogo e a cerveja está bem geladinha. Júlia volta para o lado de fora da casa.
– Falei com ele. Está vindo.  Sim, Gerônimo, por falar nisso, o que você pretende fazer, além da cerimônia?
– Bem, eu pensei em trazer o Padre para cá. Ficará lindo um casamento nesse cenário. A gente monta um altar rústico, aluga mesas, cadeiras e providencia os serviços de buffet. Não queremos que nada dê errado.
– Que maravilha Gerônimo. Você é um irmão maravilhoso.
– A gente aproveita e manda celebrar uma missa para nossos pais.
– Claro que o Padre já iria citar os nomes deles.
– Não basta. Quero a missa antes do evento. Preparar as almas de nossos convidados.
– Bem pensado. Será lindo. Já estou imaginando tudo.
– Quero ver minha irmã feliz. Ver meu sobrinho nascer saudável. O alicerce da família é o amor, a compreensão e o respeito.
– É verdade. Como você sabe que será um menino?
– Não sei. Torço para que seja homem.
– Torça para que seja o que Deus quiser. Vindo com saúde já fico feliz.
– Sabe Gerônimo, eu pensei em pedir indenização por danos morais. O que você acha?
– A Karina está vindo para cá. Ela deve te dar um parecer jurídico melhor que eu.
– Sim, mas eu quero ouvir a sua opinião.
– Eu acho que, como a situação foi revertida, a polícia e até o prefeito lhe devem satisfação. Não seria nada mal eles se retratarem em público. Aliás, você deveria convocar a imprensa, rádio, jornal e TV e cobrar satisfação. Além de levantar ainda mais sua autoestima, alcançaria o povo que ainda tem dúvidas e acredita que você é uma assassina.
– Pois é isso que irei fazer. Pensarei amanhã sobre esses argumentos. Ah, mas não irei deixar isso passar em branco de jeito nenhum.
– Faça isso e não se arrependerá – afirma Gerônimo sentado numa cadeira no alpendre da casa.
– Patrão, a picanha já está no ponto – diz o homem mostrando o espeto de carne.
– Vou já comer um pedaço.
– Olha! É bom colocar um abacaxi e essas cebolas pra assar – diz Júlia com uma bandeja na mão.
– Sim, claro. É uma delícia. Eu mesmo farei isso.
       Uma hora depois Xavier chega, desacelera a moto e estaciona. Agora já está mais tranquilo por saber de sua aceitação por parte do irmão da noiva. Gerônimo amistoso, dá as boas vindas ao cunhado que o cumprimenta e retribui como se já fosse há muito tempo da família. Em seguida, dirige-se à noiva e a beija carinhosamente.
       O que não era de se esperar é que, lá distante uma viatura da polícia seja avistada e com a sirene ligada. O carro vem e estaciona bem próximo da churrasqueira. 
– Eu não acredito que esse cretino venha aqui novamente com essa porra de sirene ligada – diz Júlia constrangida.

Herança Maldita - Parte VI

Herança Maldita - Parte VI
Por Carlos Holanda



– Tem muita coisa acontecendo nesse momento. Eu precisaria de tempo para conversar em particular com minha irmã.
– Sem problemas. Ficaremos aqui durante uma semana. Quero ver outros lugares estratégicos.
Júlia gentilmente oferece um suco de laranjas para refrescar.
– Bom, tenho um monte de coisas para fazer. Me desculpe.
– Claro. Nós já estamos de saída. Tome meu cartão. Escrevi no verso o telefone do hotel, caso vocês decidam conversar mais tarde. Ok?
– Certo. Entraremos em contato.
– Obrigado pela atenção – agradece o português.
– Foi um prazer Senhor Manoel. Foi um prazer Senhora Dalva.
– O prazer foi nosso.
– Júlia, irei à cidade agora mesmo contratar seu advogado de defesa antes que seja tarde.
– Ótimo. Temos que resolver essa situação. Estou ficando psicologicamente perturbada com tanta pressão.
– Eu acredito. Já estou é com pena de você. Por outro lado, te acho uma mulher de fibra para tolerar tanta coisa.
– Até eu me acho forte, mas é só aparência. Já houve noites que passeei em claro, chorando. Só não quis te dizer.
– Vamos resolver isso de uma vez por todas. Se você é realmente inocente, temos que provar.
– Ah, e você também não acredita em mim?
– Claro que acredito irmãzinha linda, senão eu mesmo já teria pedido para te prenderem. Tenho que ir. Estamos perdendo tempo. Tchau!
– Tchau!
Três horas depois Gerônimo volta para casa com uma moça loira, de olhos verdes e corpo escultural.
– Doutora Karina essa é a Júlia, minha irmã.
– Prazer Júlia. Seu irmão é mesmo insistente. No escritório há outros profissionais, mas ele cismou que mulher é que entende mulher.
– Vamos entrar. Aceita um café, um suco? - Pergunta Gerônimo.
– Água. Esse clima quente nos dá sede.
– Júlia, essa é a melhor advogada criminalista da cidade. Deixo vocês à vontade. Vou ver o trabalho dos homens ali e volto já.
Karina sorri com o elogio.
– Está bem – diz Júlia.
– Então, quero lhe ouvir desde o início. Desde antes de seu irmão chegar. Como aconteceu e até onde você sabe das coisas. Certo?
– Ele deve ter antecipado alguma coisa para você.
– É. Ele falou da viagem dele. Quando chegou aqui e já encontrou o barco andando. Mas, o que eu quero mesmo é uma retrospectiva dos fatos.
– Tudo bem. É o seguinte...
Júlia conta tudo que sabe para Karina e se diz inocente. Gerônimo volta para a sala, senta-se e observa atentamente a conversa.
– Doutora Karina, tem uma coisa que ainda não mostrei para ninguém e quero que veja.
– E o que é?
– Espere só um instante – Gerônimo vai ao quarto dele, trás o notebook, põe sobre a mesa de centro, abre e mostra o vídeo que copiou do celular.
– Meu Deus! Isso é fantástico! E é favorável à Júlia.
– Exatamente. Foi isso que pensei.
– Como você conseguiu registrar isso?
– Não fui eu. Foi uma das vítimas. Eu encontrei o aparelho no local do crime e fiz essa cópia.
– Faça outra cópia para mim e me dê o aparelho com o original. Mostrarei para o juiz e ele dirá o que fazer. Mas acredito que muito provavelmente esses crimes já não serão mais de responsabilidade do município ou do estado. É um caso para ser investigado pelos federais.
– E você não me mostrou antes Gerônimo. Por quê?
– Calma. Eu estava esperando o momento certo para mostrar à pessoa certa.
– Fez bem. Acho que esse filme inocenta você, Júlia. Mas vamos trabalhar com mais embasamento. Preciso ter argumentos fortes, afinal, esse é um caso sobrenatural. Eu estou surpresa.
– Doutora, você acha que isso é suficiente para me inocentar?
– Por hora, é o que temos de concreto. As imagens falam por si e isso é muito forte, mas o vídeo tem que ser periciado para vermos a veracidade. Ninguém mais deve saber. Vamos manter sigilo por enquanto. Tecnicamente o vídeo te livra de tudo. Juridicamente irá depender do entendimento do juiz.
– Ok. Então vou servir o almoço. Já passa das 14:00  horas.
– Bem, pelo visto essa é a primeira vez que almoço com uma advogada tão bonita - diz Gerônimo.
– Obrigada.
– Você é Bonita, inteligente e sensata.
– Epa! Parou, parou. Não me envolvo com clientes.
– Não sou seu cliente. É a minha irmã quem está te contratando.
– Vamos mudar o rumo dessa conversa, por  favor. Você também agora está envolvido, pois violou a cena do crime sem autorização policial.
– Ah, espera aí. Não me coloque nesse meio.
– E como irei justificar o filme para o juiz? Ou você quer que eu diga que eu fui lá e encontrei?
– Não, não. Está bem. Diga que eu fui lá então. Afinal, tudo aconteceu em minha propriedade e já faz algum tempo.
Júlia serve o almoço e logo depois Gerônimo dirige-se para a cidade com Karina. Em dois dias ela promete uma nova visita com o resultado do Juiz.
E em casa o papo rola mais descontraído
– Pega leve Gerônimo. Não vai atrapalhar as coisas. Pensa que não vi como você olhava para ela.
– Júlia, a mulher é uma deusa.
– Sim, ela é muito bonita e tem bagagem.
– E como tem bagagem.
– Gerônimo, eu estou falando de inteligência.
– E você acha que estou falando de que?
– Te conheço irmão. Deixe terminar o processo e você investe na sua brincadeira.
– Não é brincadeira, minha querida. Nossos olhares se cruzaram lá no escritório. Ela me encarou por alguns segundos.
– Está bem. Vai cuidar da vida lá fora.
– Estou indo.
       O tempo não espera por ninguém. A noite chega e vai embora. De manhã, antes que Júlia e Gerônimo comecem suas atividades, a sirene de uma viatura soa na porta. O delegado e dois policiais trazem um mandado de prisão e levam Júlia para a cadeia. Gerônimo ainda tenta conversar e impedir, mas os laudos do perito apontam Júlia como a única culpada dos assassinatos em série.
Gerônimo liga para a doutora Karina e conta o ocorrido.
– Doutora, o delegado e os policiais acabaram de prender minha irmã. Dá para você agilizar a sua parte, por favor?