O “Candinho”, com mais de 70 anos, duro na queda, bebia muito. Bebia tanto que encenava e chorava pra provar a verdade, mostrando sentimento; era um ator sem palco no palco da vida.
Morava no bairro Cabral, era impressionado com as histórias do cangaceiro “Lampião”. Cada dia contava uma lorota diferente. Dizia ele, aos quatro ventos, no bar e mercearia do Marcelino, que era cozinheiro do bando. E, quando Candinho bebia, ficava valente. Era preciso amarrá-lo num poste. Aí ele soltava o verbo, e xingava deus e mundo.
Certa vez, soubemos da notícia de que ele dormiu em pé, amarrado. Foi saindo do bar e mercearia, de um por um os bebedores de cachaça e esqueceram o coitado. O Marcelino fechava o bar por dentro e não o viu. A partir dali, o homem ficou manso. Ficou uma seda.
A vida ensina, por bem ou por mal, ensina.
Carlos Holanda
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