quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

FESTA NO 11 DE AGOSTO

 


Agora não, antes, era a festa do ano da elite de Pedro II. Me lembro como hoje. Comecei foi cedo a engraxar os sapatos, engomar a camisa branca, passar o terno cinza e a gravata listrada. Tinha até um broche. À tarde coloquei sobre o encosto de uma cadeira para descansar, inclusive, as meias combinando. Não tinha cabide apropriado em casa. Tinha que ter cuidado, porque só não era alugado os sapatos, as meias e a camisa. Até a carteira com uns trocados, ficou sobre a calça.

Estava tudo impecável para o “de menor” ir à grande festa, não fosse por um pequeno deslize. Por volta das 17:00 horas chegaram amigos e me convidaram para ir à casa de outro, que estaria aniversariando. Eu nem lembrava. Fomos. Não era acostumado a beber, mas, fui induzido a experimentar um vinho. Ora, vinho não faz mal a ninguém, pensei. Faz até bem para o coração e os rins, se for tomado moderadamente. Provei e achei docinho, parecia q-suco de uva. Uma beleza! Empurrei o pé na jaca...

O certo é que fui convencido de que a banda principal, só chegaria ao clube após a meia noite, então, entrei no “vinho” foi com vontade, tomei gosto. Aliás, dava tempo tirar uma soneca antes da festa. Ora bolas!

Quando foi por volta das 20:00 Horas, foram me deixar em casa de Jeep, pois minhas pernas não obedeciam mais. Me excedi. Recomendaram que eu dormisse um pouco e, às “onze meia,” me pegariam pra irmos à festa.

Dormi como uma pedra. Acordei umas cinco horas da manhã, nem os galos cantavam mais. Meio zonzo, o mundo girando, com um gosto de zinco na boca, e sede, muita sede. Bebi água do filtro de barro; caminhava dentro de casa, ouvia vozes lá fora, gargalhadas intercaladas pelo tropel de cavalos e buzina de uns poucos carros que circulavam indo, ou vindo da feira.

Me espantei, quando me deparei com o terno mais dormido do que eu, debruçado sobre a cadeira, do jeitinho que deixei no dia anterior. Não tinha a quem culpar, a não ser eu mesmo. Meus amigos haviam passado no horário combinado; todos na casa, me chamaram, mas, eu não acordei.

Pela primeira vez, perdi a grande e tradicional festa do ano. Passei vinte anos sem tomar vinho, que por sinal, é uma excelente bebida. E até hoje, só tomo se não tiver outra bebida.

Tirando proveito do desastre, foi bom. Descobri que não seria Sommelier ou Enólogo.

Carlos Holanda  

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