quarta-feira, 4 de maio de 2016

A violência vem de moto, a palavra também.

As pessoas andam assustadas e desconfiadas até da sombra. Quando ouvem o barulho de moto, já arregalam os olhos pra prestar atenção e se preparam para o pior. Não que quem ande de moto tenha culpa, ou seja bandido. Toda regra tem exceção.
Outro dia, o cidadão chegando em casa, num carro semi-novo, à boquinha da noite, enquanto abria o portão, foi surpreendido por dois motoqueiros. Um de cada lado. Foi tudo tão rápido, que ele nem percebeu de onde vinham. Não deu tempo nem de se benzer. O medo gelou-lhe a espinha. E ele pensou que daquela noite não passaria. Pronto. Vão levar o carro. Concluiu, já que morava em um bairro perigoso e violento. Imaginou mil coisas.
Os motoqueiros desceram das motos, cada um com uma bíblia na mão.
Eram dois pastores, pregando a palavra de Deus.
Carlos Holanda

APARÊNCIAS

Um homem alto, de idade média, branco, de olhos azuis, bem vestido, colar de ouro, relógio de ouro, celular top de linha, estaciona a camionete cabine dupla, na frente do barzinho chic, daqueles bem arquitetados e rústico, próximo a uma faculdade. Senta-se e pede um drink. Logo, chama a atenção das garotas.
Elas se entreolham, não veem aliança na mão esquerda e pensam: ora, deve ser um bon vivant, um bom partido. É então que a loira comenta com a colega que vai arriscar, aventurar. Dito e feito.
Sem delongas, e, pouco tempo depois, ambos estão entre beijos e abraços dentro do carro. Então, ele a convida para terminar a noite em sua mansão, faz algumas promessas e ela acredita. Claro. Como não aceitar tanta mordomia? E vão. Os dois fazem a festa na suíte principal da casa. Bebidas caras, caviar, chocolates e fantasias sexuais, pra variar...
De manhã, muito cedo, um dia antes do combinado para voltar, o patrão chega de viagem com a esposa e filhos. Percebendo a patifaria que seu motorista e caseiro fez em sua residência, principalmente em seu quarto, demite-o por justa causa e o coloca no olho da rua, só com a roupa do corpo. Quanto a loira...ah, essa é uma outra história.
Carlos Holanda